Pela primeira vez a diretora e coreógrafa da Transforma Cia. de Dança, Suzana d´Ávila, abre espaço para o aluno e professor Maurício Miranda mostrar sua respectiva trajetória de 20 anos dedicada à dança na direção artística e coreográfica. O espetáculo Reutilizáveis Corpos Descartáveis ganha estreia de sexta-feira a domingo (25, 26 e 27.10), no teatro Renascença, em Porto Alegre.
A Transforma explora a linguagem do jazz e da dança contemporânea e na nova atração, que inicia às 20h, discute o impacto dos acúmulos descartáveis presentes no consumo diário estendido nas relações humanas. De acordo com o diretor, a partir do entendimento de que as pessoas são também reutilizáveis, pode-se construir outra significação às relações com os próprios corpos, com outras pessoas e com o meio ambiente. “Somos seres reutilizáveis nos tornando descartáveis? Para onde vai tudo o que é produzido e toda a relação descartável que é estabelecida?”, provoca.
O figurino do espetáculo foi desenvolvido por várias mãos e se utilizando muitas vezes do plástico, um dos materiais de grande degradação ao meio ambiente, cujo ritmo de reciclagem não acompanha o do consumo. O espetáculo instiga o expectador a refletir sobre o descarte inconsequente.
As ideias e elementos cênicos utilizados pelos bailarinos compõem à proposta do coreógrafo: manequins em cena e também na forma humana; copos e sacolas de compras; aplicativos de relacionamento como uma vitrine de corpos expostos para o uso e descarte; plástico bolha envolvendo o palco e que “embrulha”. Situações que reproduzem a indústria da produção em massa, com coreografias que lembram uma fábrica, com movimentações mecânicas nas formas e nas repetições dos gestos e sequências.
Além do Maurício Miranda, outros bailarinos conhecidos na cena da dança integram o espetáculo. O piauiense Kleo Di Santys, também bailarino da Companhia Municipal de Porto Alegre, e Pedro Coelho, ex-integrante da Companhia Municipal de Caxias do Sul.
Sinopse
A industrialização da produção em massa embrulha e amarra, no mesmo pacote, os mais variados produtos e indivíduos.
Hoje em dia, quase tudo é descartável ou programado para logo se tornar obsoleto. Inclusive as relações! Não existe esforço em fazer durar.
Plásticos que embalam plásticos, copos que existem para apenas um gole. Um encontro sem a segunda chance.
O impacto de tantos acúmulos descartáveis é enorme e, como não poderia ser diferente, as relações humanas também sofrem com a modernização e o avanço das tecnologias.
Se isso inclui nossa maneira de lidar com o mundo e de nos relacionarmos com as pessoas, será que também não estamos ficando descartáveis?
De todas as coisas que atraem, nenhuma toca o coração. Não é mais a personalidade que define o ser, e sim o que ele consome. Nos tornamos o produto que consumimos, somos o próprio código de barras, onde todos somos vistos, lidos e interpretados mecanicamente.
A moda que nos põe como produtos para deleite instantâneo: o que acaba de ser tendência agora já não nos identifica mais. Não há sentido ao ser, todos em busca de algo que os defina. Os produtos passam a determinar um referencial.
Ao nos entendermos, também, como reutilizáveis, construímos outra significação às relações com nossos próprios corpos, com as outras pessoas e com o meio ambiente.
Somos seres reutilizáveis nos tornando descartáveis! Afinal, pra onde vai tudo que buscamos como interpretação e referencial do nosso Eu? Pra onde vai tudo o que produzimos e toda a relação descartável que estabelecemos?
Transforma Cia. de Dança
Destacada por ser uma das companhias há mais tempo no cenário cultural gaúcho, que munida de pesquisas coreográficas, explora a linguagem do jazz e da dança contemporânea. Em 1989, obteve seu primeiro prêmio no Festival Latino Americano de Dança. Em 1991 o grupo se torna uma companhia e desde sua fundação busca inspiração no fazer cotidiano, mobilizando emoções e se utilizando de uma linguagem acessível ao entendimento do público. Suzana d’Ávila é responsável pelas criações artísticas e coreográficas da companhia desde a sua fundação, muitas delas premiadas. Participou por oito anos consecutivos do Festival de Dança de Joinville, o mais representativo do Brasil. Em 1992 os bailarinos Cristiane Nunes e Aldo Gonçalves receberam o Prêmio SATED para Melhor Bailarina e Melhor Bailarino. Em 2000, a companhia participou da mostra dos coreógrafos indicados para o Prêmio Açorianos, ganhando o financiamento do Fumproarte para montagem do espetáculo “Forróbotchê”. Em 2003 a companhia é uma das três vencedoras do Prêmio Novos Criadores no III CONDANÇA, com o trabalho “Onde Ir”. O espetáculo “Mi Alma”, selecionado para o festival PORTO ALEGRE EM CENA em 2008, também indicado a Melhor Coreografia no Prêmio Açorianos de Teatro e Dança da Prefeitura de Porto Alegre. Com o espetáculo “Um olhar através de”, em 2014, a companhia recebeu Destaque Jazz, o prêmio de Melhor Bailarino para Mauricio Miranda e de Iluminação para o Karrah, além das indicações de Melhor Coreografia e Espetáculo do Ano.
Ficha Técnica
Direção geral: Suzana d´Ávila
Direção artística e coreográfica: Maurício Miranda
Elenco: Cintia Bracht, Daniela Muttoni Costa, Dante Saldanha, Denise Almeida, Kleo Di Santys, Luíse Robaski, Maurício Miranda, Pedro Coelho
Produção: Guadalupe Casal e elenco
Iluminação: Karrah
Técnico de som: Driko Oliveira
Trilha sonora: Maurício Miranda
Edição musical: Kleo Di Santys
Arte gráfica: José Vitor
Identidade visual: Gabriel Fragoso
Fotografia: Rafael Guedes e Claudio Etges
Estúdio fotográfico: Velvet Estúdio Fotográfico
Filmagem: W Farias Cinema e Video
Figurino: Antônio Rabadan, Julia Dieguez Lippel, Mova e elenco
Maquiagem e Cabelo: G&A Cabelos – Adriana Giraffa e Camila Jaramillo
Cenário: elenco
Agradecimentos: Juliana Preussler, Gabriel Fragoso, Vinicius Mello, Renatha Mores
Assessoria de Imprensa: Cintia Bracht
Serviço
Reutilizáveis Corpos Descartáveis
Transforma Cia. de Dança
De 25 a 27 de outubro de 2019
Sexta, sábado e domingo, às 20h
Local: Teatro Renascença
Av. Erico Verissimo, 307, Azenha, Porto Alegre – RS
Ingressos: R$ 20,00 a R$40,00
Vendas on-line: Sympla
Duração: 50 minutos
Classificação etária: livre
Facebook – @transformaciadedanca