A bailarina Vera Sala, o arquiteto Hideki Matsuka e o videoartista Marcus Bastos convergiram seus olhares para, juntos, realizarem a performance Estudo Para Lugar Nenhum, com apresentações marcadas para os dias 15 e 16 de agosto de 2015, no Sesc Pinheiros. A junção desses artistas, nesse trabalho, contribui para fomentar novas perguntas, reflexões e experimentações, criando instabilidades e “perturbações” naquilo que já está instaurado no corpo e nos seus modos de proceder.
“Os três – Vera, Hideki e Marcus – esquadrinham como espaço e tempo podem se justapor sem papel principal, mas como terra nua, na qual fazem caber os ruídos que as paredes absorveram ao longo do tempo. Hideki demonstra que a luz trabalhada na superfície dos vidros dá forma a deslocamentos. Quem está sentado assistindo, se vê assistindo ao espetáculo. A luz transforma tudo em fato, passa por cima dos hábitos do existir. E a plateia sai de onde está sem sair do lugar. Fica replicada lá, na sua própria frente, atuando junto de Vera, que sonambula por aqui e por ali, eletrocutada pelo movimento que sai em jorros. O movimento dura enquanto durar o corpo: um fica se mantendo no outro”, trecho da matéria feita por Helena Katz, especial para o jornal O Estado de S. Paulo, em 06 de setembro de 2014.
CONCEITO
O corpo dissolve seus contornos e trajetos. Insiste, não para permanecer, mas para um fazer/desaparecer. É arquivo de esquecimentos. O corpo esquece, reinventa memórias e modifica-se num contínuo confrontar-se com ele mesmo, com outros pensamentos, outros corpos, outros afetos, presença de ausências, silêncios que se fazem presentes… É de sua natureza existir como configurações sempre provisórias, não permanentes. Disposto a nunca se concluir é campo aberto de dúvidas e perguntas. Sabe que é impossível reverter o tempo. É testemunha de desaparecimentos. Não há nada para ser mostrado além da própria condição de encontrar-se continuadamente exposto àquilo que é e faz, como insistência/desistência, num aparecer/desaparecendo, não como oposição mas como indistinção.
ARTISTAS
Vera Sala: criadora e pesquisadora em dança, Vera desenvolve trabalhos de pesquisa e criação artística desde 1987. Atualmente, pesquisa instalações coreográficas dedicadas a observar como o corpo se transborda para a composição destes ambientes. Entre suas últimas criações, destacam-se “Impermanências” (2006), Pequenas Mortes” (2007), “Procedimento Dois – Pequenas Mortes” (2008) e “Pequenos Fragmentos de Mortes Invisíveis” (2009/2010) e “Dobras” (2011). Ela recebeu o Prêmio APCA em 1999 e 2005, nas categorias pesquisa em dança e criadora intérprete, respectivamente, e o prêmio Mambembe na categoria pesquisadora performer, em 1998. Além disso, foi indicada duas vezes ao Prêmio Bravo, por “Impermanências” (2006) e “Pequenas Mortes” (2007). É professora do Curso de Comunicação das Artes do Corpo, na PUC, em São Paulo, desde 1999. Foi bolsista da Fundação John Simon Guggenheim Memorial Foundation com o projeto “Os Estados do Corpo – O Corpo Como Mídia” (2002 – 2003) e Bolsa Vitae de Artes (1997) com “Investigação da Teatralidade no Corpo”.
Hideki Matsuka: arquiteto, cenógrafo e professor de arquitetura da Universidade São Judas. Criou a cenografia de “Medéia” (2001) e fez a direção de arte de “Nossa Cidade” (2013) de Antunes Filho. Foi responsável pela arquitetura dos espaços cênicos das Bienais Sesc de Dança de Santos em 2000, 2002, 2004, 2009, 2011 e 2013. Criação da ambientação e arquitetura cenográfica do evento MIRADA 2012 e 2014 (Festival Ibero- Americano de Artes Cênicas de Santos). Foi um dos curadores, junto com Ricardo Fernandes e Christine Greiner, do evento “Tokyogaqui” para o Sesc São Paulo. Em 2014 projetou o espaço expográfico da exposição “Eikoh Hosoe: Corpos de Imagens” para o Sesc Consolação. Tem atuado como cenógrafo e coordenador de arte de espetáculos de dança de Key Sawao, Ricardo Iazzetta, Vera Sala, Eliana de Santana, Eduardo Fukushima entre outros.
Marcus Bastos: videoartista e Doutor em Comunicação e Semiótica e professor da PUC-SP. Escreveu a coletânea de ensaios “Limiares das Redes: escritos sobre arte e cultura contemporânea” (Editora Intermeios). Dirigiu documentários experimentais como “Giuseppe, etc” (Mostra SESC de Artes, 2011), “Cidades Visíveis” (com o LAT-23, Rumos Itaú Cultural Linguagens Expandidas, 2010), “Radicais Livre/os” (Programa Petrobrás Cultural, 2006) e “Interface Disforme” (Prêmio Fiat Mostra Brasil, 2006). Desenvolveu composições audiovisuais como “Ausências” (com Dudu Tsuda, lançada na Bienal do Mercosul, 2009) e “Fluxos” (com o Telemusik, comissionada pelo Paço das Artes, 2010).
FICHA TÉCNICA
Concepção e direção geral: Vera Sala
Arquitetura e luz: Hideki Matsuka
Assistente de arquitetura: Vinícius Cardoso Ferreira
Áudio, foto e vídeo: Marcus Bastos
Assistente de áudio e vídeo: Stephanie Palandi
Estímulo à auto percepção do movimento: José Antonio Lima
Colaborações e compartilhamentos: Christine Greiner, Valeska Figueiredo, Fernanda Perniciotti, Rubia Braga
Assistência de produção: Marcelo Leão
Direção de produção: Dora Leão – PLATÔproduções
SERVIÇO
Estudo para Lugar Nenhum
Vera Sala, Hideki Matsuka e Marcus Bastos
Dias 15 e 16 de agosto de 2015
Sábado, às 20h, Domingo, às 17h.
Local: SESC Pinheiros – Sala de Oficinas (2º andar)
Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros – São Paulo/SP
Ingressos: R$ 20 (Inteira), R$ 10 (Meia: estudante, servidor de escola público, +60 anos, aposentados e pessoas com deficiência), R$ 6 (Credencial Plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes)
Informações: (11) 3095.9400
Classificação: 10 anos.