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São Paulo Companhia de Dança estreia O Sonho de Dom Quixote

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O Sonho de Dom Quixote | Bailarinos: Thamiris Prata e Lucio Kalbusch | Foto: Wilian Aguiar

Primeira criação de Márcia Haydée para o Brasil ganha temporada em novembro. As coreografias workwithinwork, Epiderme, Bingo! e Céu Cinzento completam a programação do mês de novembro no Teatro Sérgio Cardoso.

A São Paulo Companhia de Dança – mantida pela Secretaria de Cultura e Governo do Estado de São Paulo, sob direção artística de Inês Bogéa – estreia três obras na temporada de novembro no Teatro Sérgio Cardoso: O Sonho de Dom Quixote, primeira criação de Márcia Haydée para uma companhia no Brasil; Epiderme, de Binho Pacheco; e Céu Cinzento, de Clébio Oliveira, ambas criadas para a quarta edição do Ateliê de Coreógrafos Brasileiros. Bingo!, de Rafael Gomes; e workwithinwork, de William Forsythe, completam o último programa.

O Sonho de Dom Quixote narra as aventuras de Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança, e o encontro entre os personagens Kitri e Basílio, que vivem uma história de amor. A coreografia é a primeira obra de Márcia Haydée para o Brasil. A cenografia é assinada pelo premiado Hélio Eichbauer, que traz para o palco a série de desenhos a lápis de cor de Dom Quixote, de Candido Portinari (1903-1962), cujos direitos foram gentilmente cedidos por João Candido Portinari. Os figurinos são de Tânia Agra e iluminação do argentino José Luís Fiorruccio. A obra se completa com a música de Minkus (1826-1917), com composições de Norberto Macedo (1939-2011) ao violão clássico e poemas de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).

“Ter uma estrela internacional dedicada à uma criação para a São Paulo Companhia de Dança é um privilégio. Tudo está sendo especial, ela tem um carinho muito grande por estar no seu país, o Brasil, fazendo uma peça. É uma relação de entrega total, de escuta e de desejo a cada dia na sala de ensaio e isso faz a diferença. Marcia manteve o pé na tradição da obra, mas trouxe inúmeras inovações na estrutura da obra. O Sonho de Dom Quixote é obra em que podemos rir, chorar, nos emocionar e curtirmos junto uma diferente história, com diferentes amores”, fala Inês Bogéa, diretora artística da São Paulo Companhia de Dança.

“Eu sempre tive vontade de colocar um toque mais contemporâneo aos balés clássicos. Já faz tempo que eu quero fazer um novo Dom Quixote. Quando Inês me convidou para criar uma coreografia para a São Paulo Companhia de Dança, imediatamente pensei no Dom Quixote. Esta Companhia não somente pode fazer o clássico, mas tem toda uma história contemporânea. Então é exatamente o que eu queria”, diz Márcia. “É a minha primeira criação para o Brasil e eu fiquei extremamente feliz em poder dividir a minha arte com essa companhia”.

O ineditismo de O Sonho de Dom Quixote vai além do espetáculo. Pela primeira vez desde sua criação a SPCD conta com um coreólogo que escreve e desenha cada sequência da obra em um sistema de notação chamado Banesh. Pablo Aharonian, além de ser assistente de ensaio de Márcia Haydée é especialista neste tipo de escrita que garante à obra um registro específico que sobrevive ao longo dos anos.

ESTRELA

Márcia Haydée é a bailarina brasileira de consagração mundial, conhecida como a “Callas da Dança” por sua grande força interpretativa. Em sua carreira, atuou no Balé do Marques de Cuevas, mas foi no Stuttgart Ballet, sob a direção de John Cranko, que no início dos anos 1960 se tornou musa do coreógrafo e foi revelada como grande intérprete e bailarina. Na década de 1970, após a morte de Cranko, Márcia assumiu a direção do Stuttgart Ballet, onde ficou à frente durante 20 anos. Trabalhou ao lado de grandes nomes da dança como Richard Cragun, Rudolf Nureyev, Maurice Bejárt, John Neumeier e outros. Atualmente dirige o Balé de Santiago, no Chile. Esta é sua primeira criação para uma companhia de dança no Brasil.

PROGRAMA EDUCATIVO E DE FORMAÇÃO DE PLATEIA

Além das apresentações noturnas, a SPCD realiza no dia 13 de novembro, às 15h, um Espetáculo Gratuito para Estudantes e Terceira Idade com atividades Sensoriais, ação que integra o Programa Educativo e de Formação de Plateia da Companhia. Na ocasião, será apresentado o segundo ato de O Sonho de Dom Quixote e antes do início do espetáculo, será feita uma vivência para cegos e surdos, que poderão sentir o figurino das coreografias nos manequins e bailarinos, dançar com os profissionais da SPCD, aprender as posições da dança tateando e moldando bonecos articulados e conversar com um intérprete de libras.

PARA CRIANÇAS

O Sonho de Dom Quixote terá ainda uma apresentação especial para crianças no dia 14 de novembro, às 15hs. Antes do início do balé, às 14h20, Inês Bogéa, diretora artística da SPCD, conta para os pequenos a história da obra de um modo didático. Durante a atividade eles recebem um material pedagógico com brincadeiras de dança.

ATELIÊ DE COREÓGRAFOS BRASILEIROS

Ainda em novembro, entre os dias 26 e 29, a São Paulo Companhia de Dança estreia Céu Cinzento, de Clébio Oliveira, e Epiderme, de Binho Pacheco. As obras foram desenvolvidas para o Ateliê de Coreógrafos Brasileiros, projeto que visa incentivar a criação coreográfica e ampliar o intercâmbio de artistas da dança com os bailarinos da SPCD. Completam o programa Bingo!, de Rafael Gomes e workwithinwork, de William Forsythe.

Epiderme, de Pacheco, que foi bailarino da SPCD explora as fronteiras entre o interior e o exterior do corpo humano, tendo a pele como objeto de reflexão. Céu Cinzento, de Oliveira, que veio de Berlin especialmente para a montagem aborda o eterno tema dos amores impossíveis presente no imaginário coletivo e representado em obras como Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Bingo! brinca com a noite, ambiente que se revela diferentes personagens e situações sendo que os bailarinos são peças de um jogo sorteadas aleatoriamente. Gomes também foi bailarino da SPCD. E workwithinwork, traz um fluxo contínuo de movimento a partir de variações da técnica clássica, sem rupturas ou articulações distendidas, um gesto reconhecido de Forsythe.

ACESSIBILIDADE

A São Paulo Companhia de Dança utiliza o recurso de audiodescrição – modo que transmite ao público cego, por meio de fones de ouvido, informações sobre cenário, figurino e, principalmente, os movimentos dos bailarinos – em suas apresentações por espaços públicos do interior e da capital de São Paulo desde 2013. Desde 2014, com o objetivo de viabilizar a implantação de mais recursos de acessibilidade comunicacional, a SPCD promove e amplia o programa. A tecnologia avançada do aplicativo Whatscine transmite para smartphones e tablets os recursos de audiodescrição, janela de LIBRAS e legendagem, permitindo aos deficientes entrarem em contato com a experiência da dança. Todos os espetáculos da temporada são acessíveis.

SOBRE AS OBRAS

O SONHO DE DOM QUIXOTE (2015) – ESTREIA

Coreografia: Márcia Haydée
Músicas: Ludwig Minkus (1826-1917) e Norberto Macedo (1939-2011)
Cenário: Hélio Eichbauer
Luz: José Luiz Fiorruccio
Figurinos: Tânia Agra

É uma obra colorida, vibrante e com muito humor. O balé conta as aventuras de Dom Quixote, um sonhador visionário, que se dispõe a combater “o erro, o falso e o mal de mil semblantes” e encontrar sua dama perfeita Dulcinéia; e a história do amor quase impossível de Kitri e Basílio, uma vez que ela estava prometida por seu pai a Gamache, um rico comerciante. Camponeses, toureiros e ciganos ajudam a compor a obra. Com a cumplicidade de Dom Quixote, o casamento dos apaixonados se realiza e é comemorado por todos. Dom Quixote é um dos mais populares balés em todo o mundo. A versão especial de Márcia Haydée para a SPCD mantém alguns momentos reconhecíveis desta obra – criada originalmente por Marius Petipa (1818-1910) em 1869 e inspirada em um capítulo da obra de Miguel de Cervantes (1547-1616) com música composta por Ludwig Minkus (1826-1917) – ao mesmo tempo em que as atualiza com cenografia de Hélio Eichbauer e desenhos de Candido Portinari (1903-1962), figurinos de Tânia Agra, luz de José Luiz Fiorruccio, composições de Norberto Macedo (1939-2011) e poemas de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Uma obra para se encantar e se apaixonar.

EPIDERME (2015) – ESTREIA

Coreografia e figurino: Binho Pacheco

“Epiderme” é a mais nova criação de Binho Pacheco para o Ateliê de Coreógrafos Brasileiros da São Paulo Companhia de Dança. A obra explora as fronteiras entre o interior e exterior do ser humano, tendo a pele como objeto de reflexão. “Parto de um olhar científico, de camadas, órgãos e terminações nervosas, para um mundo de sensações latentes, em que o público é envolvido pelos acordes de Bach e por uma coreografia jovem e provocante, que ao mesmo tempo conecta e separa esses universos”, fala o coreógrafo. Os bailarinos aparecem em situações de constante desafio, buscando maneiras de reencontrar o equilíbrio e as formas, que se desfazem à cada instante e no contato entre essas peles que, ora se atraem com suavidade e delicadeza, ora se repelem com violência.

Coreógrafo

Bailarino e coreógrafo, Binho Pacheco iniciou seus estudos em dança aos 16 anos na Escola de Balé do Teatro Castro Alves. Já integrou o elenco da Especial Academia de Ballet, da Companhia Brasileira de Ballet, da Companhia de Danças Clássicas e da São Paulo Companhia de Dança. Sinais de Luz (2010), Idílio (2011) e Concerto de Outono, peça remontada pela Escola de Dança do Conservatório Nacional de Lisboa em 2014 e lhe rendeu o prêmio de coreógrafo revelação no 31° Festival de Dança de Joinville, estão entre as suas criações.

CÉU CINZENTO (2015) – ESTREIA

Coreografia, cenário e figurino: Clébio Oliveira
Música Original: Matresanch
Luz: Mirella Brandi

Criada para o Ateliê de Coreógrafos Brasileiros da SPCD, Céu Cinzento, de Clébio Oliveira, aborda o eterno tema dos amores impossíveis presente no imaginário coletivo e representado em obras como Romeu e Julieta, de William Shakespeare. A coreografia se inspira nessa história e questiona: qual seria o rumo da tragédia se os amantes ficassem cegos em vez de morrerem? “Na obra, o final trágico dos amantes dá lugar a essa nova versão e, dentro dessa perspectiva, o casal se perde numa espécie de labirinto e tenta de forma desesperada se encontrar. A peça traz à tona a necessidade do movimento como forma integradora dos sentidos”, fala o coreógrafo.

Coreógrafo

Bailarino, coreógrafo e professor de dança contemporânea, Clébio já dançou na Companhia de Dança Deborah Colker (Rio de Janeiro) e na Toula Limnaios (Alemanha). Como coreógrafo cria projetos solos e trabalhos para diversas companhias no Brasil e no exterior. Em 2012 recebeu o prêmio Hoffnungträger (Coreógrafo Mais Promissor), concedido pela revista alemã TanzMagazine e, em 2011, venceu a competição Nacional Choreographic Competition of Chicago (EUA). Desde 2008 reside em Berlim, onde atua como artista independente.

BINGO! (2014)

Coreografia e Figurino: Rafael Gomes*
Trilha Remixada: Dj Hisato com edições de The End, Jim Morrisson, The Solo Tempist, de Vic Firth e Take Five, de Paul Desmond Cenógrafo: Kleber Matheus
Iluminação: Wagner Freire
Estreia pela SPCD: 2014, Teatro Sérgio Cardoso, São Paulo, Brasil
Duração: 20 minutos com 15 bailarinos
*Os bailarinos vestem coleção de Alexandre Herchcovitch

Inspirado por fotografias de Otto Dix e imagens da década de 50, Rafael Gomes criou Bingo!, para o Ateliê de Coreógrafos Brasileiros, da SPCD. “É um cassino clandestino em que se revelam diferentes personagens e situações, desde uma mulher bem vestida a casais que brigam, a violência e o sexo proibido. Os bailarinos são peças do jogo do bingo que são sorteadas aleatoriamente”, fala o coreógrafo. Ao som de música de rock, jazz e funk tocadas por tímpanos e remixadas por Hisato, a peça é entrecortada por luzes de neon de Kleber Matheus e pela ambiência de Wagner Freire que criam diferentes sensações. Os bailarinos vestem coleção de Alexandre Herchcovitch, escolhida pelo coreógrafo.

Coreógrafo

Carioca, iniciou seus estudos em dança aos 13 anos no Centro de Dança Rio, onde se formou em 2002. Fez parte do elenco da Companhia Jovem de Ballet do Rio de Janeiro e no ano seguinte, passou a integrar a Cia. de Dança Deborah Colker. Participou como coreógrafo, nos anos de 2011 e 2012, do Programa de Desenvolvimento das Habilidades Futuras do Artista, criado pela SPCD para incentivar outras atividades relacionadas à dança na carreira do bailarino. Em 2013 assinou a coreografia dos bailarinos da Companhia para o desfile da grife UMA, na São Paulo Fashion Week. Rafael Gomes foi bailarino da São Paulo Companhia de Dança de 2008 a 2015.

workwithinwork (1998)

Coreografia, palco, iluminação: William Forsythe
Música: Luciano Berio (1925-2003), Duetti per due violini, vol.1
(Por acordo com Universal Edition AG, Viena, www.universaledition.com)
Remontagem: Allisson Brown e Noah Gelber
Figurinos: Stephen Galloway
Estreia mundial: 1998, Frankfurt Ballet, Frankfurt, Alemanha
Estreia pela SPCD: 2014, Teatro Alfa, São Paulo, Brasil
Duração: 32 minutos com 16 bailarinos

Workwithinwork (trabalhodentrodotrabalho), de William Forsythe, faz referência ao método do coreógrafo ao considerar uma nova obra como um trecho de um longo processo de trabalho. Na coreografia Forsythe cria um fluxo contínuo de movimentos a partir de variações da técnica clássica, sem rupturas ou articulações distendidas, fazendo referência ao passado e, ao mesmo tempo, atualizando-o. A música, uma obra para dois violinos de Luciano Berio executada em pequenos trechos, cria impulsos para o desdobramento dos duetos em trios, quartetos e conjuntos. A obra evolui constantemente dentro de si, criando novas configurações para cena.

Coreógrafo

William Forsythe é reconhecido por ter renovado os impulsos da dança clássica e criado um método de improvisação. Durante 20 anos (1984-2004) dirigiu o Frankfurt Ballet, de onde saiu para criar sua própria companhia, a The Forsythe Company.

SERVIÇO

O Sonho de Dom Quixote | workwithinwork | Bingo! | Epiderme | Céu Cinzento
São Paulo Companhia de Dança
Temporada de 12 a 29 de novembro de 2015
Local: Teatro Sérgio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo/SP
Ingresso: R$ 30,00, R$ 15,00 (meia entrada).
Vendas on-line: Ingresso Rápido
Duração do espetáculo: 90 min
Capacidade: 835 lugares
Classificativa: Livre

O SONHO DE DOM QUIXOTE, de Márcia Haydée

12 de novembro | quinta-feira, às 21h
13 de novembro | sexta-feira, às 21h30
14 de novembro | sábado, às 15h e às 21h
15 de novembro | domingo, às 18h
19 e 21 de novembro | quinta-feira e sábado, às 21h
20 de novembro | sexta-feira, às 21h30
22 de novembro | domingo, às 18h

workwithinwork, Bingo!, Epiderme e Céu Cinzento

26 e 28 de novembro | quinta-feira e sábado, às 21h
27 de novembro | sexta-feira, às 21h30
29 de novembro | domingo, às 18h