A dança sai das ruas e entra para espaços de grandes espetáculos. Badia Masabni cantora, bailarina e atriz também influenciou o novo momento de criar dança de uma maneira mais híbrida pelo orientalismo que os musicais americanos também influenciaram os filmes egípcios.
Badia adaptou o estilo das danças que compunham os musicais para sua salah. Ela instituiu que os temas deveriam oferecer um início requintado, criando expectativa no público. Em seguida um ritmo rápido favoreceria deslocamentos e giros, onde a bailarina deveria fazer um “tour” por todo o palco, de modo que todos os clientes pudessem visualizá-la de perto. Foi assim também que o uso do véu e o sapato de salto alto passaram a fazer parte das apresentações de bailarinas egípcias. (ANDREA SOARES)
Badia desenvolve o Oriental Routine que era abertura de um show típico árabe que tem duração em média de uma hora e meia à duas horas. As músicas utilizadas para essa abertura tinham em média de sete a quinze minutos. Elas são dividas em Introdução onde acontece apresentação da bailarina com música melódica e o intuito é de chamar a atenção do público. A segunda parte é a da Raqassa, onde tem a entrada da bailarina, em ritmos rápidos como malfof, ayoub, karaki, soudi que facilitam grandes deslocamentos com foco para público. A terceira parte é da preparação, que é geralmente uma parte curta para auxiliar a bailarina a se centralizar em cena. Utiliza-se passos mais típicos da dança do ventre.
A parte seguinte é a de desenvolvimento, na qual acontecem várias segmentações, que não seguem uma ordem específica. Se apresentam em solo de percussão árabe, melodias e ritmos folclóricos, taksin e composição sonora estilo pergunta e resposta. A última parte é a saída da bailarina que é semelhante da entrada que objetiva grandes deslocamentos e saída da cena. Esses shows eram utilizados em seu cassino e foi um espaço para muitos filmes e lançamentos de grandes estrelas da dança e música árabe “O cassino Badia”.
Com a nova imagem de feminino instaurada as bailarinas começam a se preocuparem em utilizar movimentos de braços, deixar a dança mais visível ao longe e introduzir as aulas de ballet clássico de acordo “A primeira a valer-se destas aulas e incorporar alguns movimentos à sua rotina foi Taheiya Karioka (1919-1999). Sobre Taheya, é possível encontrar um capítulo escrito por Edward Said”. Ela é conhecida como símbolo do nacionalismo egípcio e já há presença de hibridações em sua dança como como dança transnacional
Karioka, como o nome sugere, inspirou sua persona artística no que conhecia como “dança carioca”, em evidente referência a Carmen Miranda. Não apenas o nome artístico da bailarina a conecta a outra realidade cultural: também os movimentos de braços adotados por Taheiya remetem à estrela luso-brasileira que os egípcios conheceram através do cinema. (ROBERTA SALGUEIRO)
Roberta Salgueiro ao observar outras bailarinas do mesmo período coloca que “é possível encontrar performances das bailarinas egípcias “aventurando-se” em danças ocidentais como o Tap Dance, Samba, Mambo, entre outras”. As apresentações são mais próximas do que temos nos dias atuais, um autoexotismo.
Uma curiosidade para a época foi o começo do uso de véus por bailarinas como elemento que alcança públicos mais distantes do palco.
Oriental Routine: Badia Cassino texto desenvolvido por Kelly Orianah
SOARES, Andrea. Um Olhar transversal para as danças do mundo. Rio Grande do Sul/2014
SALGUEIRO, Roberta. Um longo arabesco”: corpo, subjetividade e transnacionalismo a partir da dança do ventre. Brasília/2012