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Ocupação Marta Soares apresenta Deslocamentos

Marta Soares_Deslocamentos_Foto Joao Caldas
Deslocamentos – Foto: João Caldas

No primeiro trabalho da Ocupação Marta Soares em que a bailarina e coreógrafa não está em cena, seis intérpretes geram, com seus corpos, reflexões sobre como o poder os afeta na contemporaneidade.

Após apresentações de duas importantes obras de seu repertório, Vestígios e O Banho, será realizada na Oficina Cultural Oswald de Andrade a primeira instalação coreográfica da Ocupação Marta Soares em que a artista não atua como intérprete. Trata-se de Desclocamentos, peça que será apresentada entre 5 a 28 de maio, sextas e sábados, às 20h (no dia 5 de maio, quinta-feira, 20h, haverá sessão extra de estreia).

Deslocamentos são partituras coreográficas constituídas por várias combinações de corpos acoplados por figurinos (duetos, quarteto e sexteto). Ao se movimentarem, geram figuras híbridas, sem classificação pré-estabelecida e que podem, ao mesmo tempo, vir a ser homem e mulher, vivo e morto, dentro e fora, figura e fundo – corpos informes (sem forma), em trânsito entre deformações (sucessão de movimentos) e transformações (sucessão de formas).

Corpos que podem ser uma reflexão sobre como o poder os afeta na contemporaneidade, por exemplo, através da biopolítica. Quais seriam as possíveis maneiras de os mesmos exprimirem uma potência própria, resistindo às formas vindas de fora e que se impõem ao dentro, para lhes imprimir uma “alma”?

Para isso, como personagens de Samuel Beckett, as bailarinas experimentam situações nas quais não é mais possível agir, responder à forma ou ficar em pé, mas somente ceder progressivamente a todos os tipos de deformações. Ações que, em uma primeira instância, podem parecer de resignação, mas, por intermédio de um olhar mais apurado, é possível observar serem atos de resistência a qualquer tipo de formatação, classificação e interpretação desses corpos.

O próximo trabalho – que encerrará a ocupação – é Les Poupées (de 9 a 25/6, de quinta a sábado, às 20h).

A Trajetória de Marta Soares na Dança

Marta se mudou para São Paulo em 1980 a fim de prestar vestibular para arquitetura. O “chamado da dança”, porém, como diz a própria artista, fez com que se inscrevesse em aulas de dança expressiva. “Assisti um filme sobre a vida da bailarina Isadora Duncan e contei com a influência de uma prima que estudava na Escola Municipal de Bailado de São Paulo”, lembra. “Em uma das primeiras aulas, ao rolar no chão, pude perceber que aquele tipo de dança poderia ser um meio de vida no qual eu teria possibilidades de acessar sentimentos e sensações que até então não me haviam sido permitidos”. Em São Paulo, a artista estudou os princípios de análise de movimento Laban com Maria Duschennes e a abordagem somática da dança com Klauss Vianna (nas escolas de Rutch Rachou e Renée Gumiel) e Ivaldo Bertazzo.

Em seguida, Marta foi morar em Londres por ser aprovada num curso com duração de um ano no Laban Centre for Movement and Dance. De Londres, foi para Nova Iorque, onde frequentou as aulas de dança no Alwin Nickolais Dance Lab. Na cidade americana, Marta também estudou no Laban/Bartenieff Institute of Movement Studies (LIMS), conquistou uma bolsa para participar do Certified Movement Analyst Program (CMA), e concluiu o Bacharelado em Artes (com concentração em dança) no Empire State College na State University of New York (SUNY), além de outras atividades. Alguns workshops que realizou no país sobre dança butô a levaram a Tóquio, onde teve aulas no estúdio de Kazuo Ohno.

De volta a São Paulo, matriculou-se no mestrado de Comunicação e Semiótica na Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) tendo como orientadora a professora Christine Greiner, especialista em dança butô e cultura japonesa. Neste período, também frequentou o Centro de Estudos do Corpo, coordenado pela professora doutora Helena Tânia Katz. Durante os quatro anos do mestrado, Marta criou as obras Les Poupées, Formless, O Homem de Jasmim, Estar Sendo, O Banho e 206. Em seguida matriculou-se no doutorado em Psicologia Clinica no Núcleo de Subjetividade, também na Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP), tendo como orientadora a professora Suely Rolnik. Durante os seis anos do doutorado desenvolveu as obras Um Corpo que Não Aguenta Mais e Vestígios. Recentemente vem desenvolvendo o projeto Deslocamentos, que teve três versões site specifics. Com esses trabalhos a artista faturou quatro prêmios da APCA.

SERVIÇO

Deslocamentos
Ocupação Marta Soares
De 05 a 28 de maio de 2016
Sextas e sábados, às 20h (haverá uma sessão extra dia 5 de maio, quinta-feira, às 20h)
Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo/SP.
Ingressos: Grátis (retirar 30 minutos antes)
Classificação: Livre.
Duração: 90 minutos.
Capacidade: 40 lugares.

 

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