Mostra Mulheres em Cena chega a sua 8ª edição com passagem pelo Rio de Janeiro
Crédito da foto: Pipe Oliveira
Com o desejo de fomentar o trabalho de mulheres nas artes cênicas e criar um espaço para encontros, trocas, debates e ações poéticas, a Mostra Mulheres em Cena realiza a sua 8ª edição. Pela primeira vez, o evento ampliará sua geografia por meio do Circuito Mulheres em Cena – Gira, este ano além de São Paulo (2 a 4 de outubro), passa também pelo Rio de Janeiro (12 a 15 de setembro) e por Curitiba (de 17 a 20 de outubro).
Na capital carioca, o projeto é realizado em parceria com a PPGDan/ UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem o apoio da ONG FINAC e ocupa o Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, na Tijuca, com uma mostra de processos e quatro espetáculos. Os ingressos para cada atração são populares e custam até R$20.
Criada em 2018 pela coreógrafa Vanessa Macedo, a mostra é centrada em promover políticas relacionadas a questões de gênero, performatividades e representações do feminino. Desde a primeira edição, o projeto recebeu 84 trabalhos de dança, performance e teatro e realizou uma série de ações formativas, fóruns e um intercâmbio com artistas de várias regiões do país.
A programação
A primeira ação, no dia 12 de setembro, às 19h, é a Mostra de Processos, na qual seis artistas apresentam ao público em primeira mão um trechinho dos trabalhos que estão desenvolvendo. São elas: Nilen Cohen com Parecia que nos conhecíamos desde sempre (15 min); Juliana Vieira com P.U.T.A. (vídeo – 5 min); Fernanda Nicolini com Waji (15 min); Cia Resistência Bellyblack com Obirin Omi (20 min); Maria Inês Galvão com Nós (10 min); e Renata Costa com A(s) – isso não é um solo (10 min).
No dia 13, às 19h, é a vez de Princesa Ricardo apresentar o espetáculo Sobrou só o corpo, E se sobrar só o corpo, o que sobra de possibilidades de performatividade? Como diferentes modos de ser corpo se evidenciam a partir do desnudamento? É possível sobrar só o corpo? Onde começa e onde termina, afinal, o que chamamos corpo? O que acontece se voltamos nossa atenção exclusivamente para as ficções que o corpo-materialidade-ancestral-
Um dos espetáculos do dia 14, às 19h, é o solo Ensaio sobre Pedras Soltas, performado por Ligia Tourinho e dirigido por Regina Miranda. A peça aborda a obra da escritora, jornalista, tradutora e dramaturga Patrícia Galvão, que se tornou amplamente conhecida como a bela e mítica “musa do Modernismo brasileiro”. Voltando-se principalmente para os textos escritos por Pagú durante sua experiência na prisão, entre 1936 e 1940, Lígia Tourinho recoloca em cena a mulher radical, que se revolta e resiste sem entregar os pontos à loucura e à impotência.
Nessa data, logo depois do primeiro trabalho, o público ainda pode conferir No te Vayas, da Cia Fragmento de Dança, com Maitê Molnar e Vanessa Macedo. Na dança, dois corpos testemunham a força do invisível. E lá, num espaço-sensação que não se define na forma, nem no tempo, criam seu pacto de transcendência. Sugerem ser duplo e avesso um do outro.
Por fim, a artista Gladis das Santas encena o solo Maria Samambaia faz 50 anos ou vira cantora, no dia 15 de setembro, às 19h. A obra fala sobre a fúria da performer ao viver como mulher, mãe, artista, professora da universidade pública num país chamado Brasil. Após a apresentação haverá um bate papo.
Ficha Técnica
Mostra Mulheres em Cena 8ª edição
Idealização: Vanessa Macedo
Realização: Cia Fragmento de Dança
Direção de produção: Luciana Venancio – Movicena Produções
Assistência de produção: Gabriela Ramos e Maitê Molnar
Coordenação técnica: Pipe Oliveira
Artistas: Cia Fragmento de Dança / Maitê Molnar e Vanessa Macedo (São Paulo/SP) Gladis das Santas (Curitiba/PR), Lígia Tourinho (Rio de Janeiro/RJ), Nilen Cohen (Rio de Janeiro/RJ), Juliana Vieira (Rio de Janeiro/RJ), Fernanda Nicolini (Rio de Janeiro/RJ) Cia Resistência Bellyblack (Rio de Janeiro/RJ), Maria Inês Galvão (Rio de Janeiro/RJ) e Princesa Ricarda (Curitiba/PR)
Serviço
Mulheres em Cena – 8ª edição
De 12 a 15 de setembro de 2024
Quinta a domingo, às 19h
Local: Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro
Rua José Higino, 115 – Tijuca, Rio de Janeiro – RJ
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada)
*A Mostra de processos dia 12/09 é gratuita
Venda online em:
12/09: https://riocultura.
13/09: https://riocultura.
14/09: https://riocultura.
15/09: https://riocultura.
Capacidade: 150 lugares
Programação
Quinta-feira, 12 de setembro
Mostra de Processos
Nilen Cohen com “Parecia que nos conhecíamos desde sempre”
Sinopse: Desde que cheguei no Brasil em 2011, foi dançando que consegui configurar um espaço de reconexão com minha origem. No bullerengue, ritmo de tradição oral do Caribe colombiano, no qual predomina a presença e participação de mulheres, tenho a oportunidade de me reconhecer dançando com outras migrantes da Colômbia. Nessa partilha, ainda em fase de experimentação, convido a Natalia, que conheci recentemente, a dançar comigo e ativar essa linguagem corporal herdada e que nos faz sentir como se nos conhecêssemos desde sempre. Perto do final, convidamos o público a dançar.
Duração: 20 minutos
Classificação etária: Livre
Ficha Técnica: Concepção artística: Nilen Cohen | Texto: Nilen Cohen | Performance: Natalia Gonzalez e Nilen Cohen
Juliana Vieira com “P.U.T.A”
Sinopse: A videoarte “P.U.T.A” dá voz ao grito de todas as mulheres postas á margem da sociedade através da objetificação de seus corpos e de suas vidas. Como um ato de resistência, o trabalho é ao mesmo tempo denúncia e ferramenta de empoderamento através do corpo, devolvendo o domínio desse mesmo corpo à quem realmente pertence. Idealizado e executado por mulheres periféricas do interior do estado do Rio de Janeiro, a performer Juliana Vieira, traz para o trabalho as dores e o olhar de quem vive na periferia das periferias. Com a produção de Larissa Pereira e a direção de Isadora Verly, o trabalho traduz memórias em poéticas do corpo.
Duração: 5 minutos
Classificação etária: 14 anos
Ficha Técnica: Juliana Vieira – intérprete criadora | Isadora Verly – direção artística | Larissa Pereira – produção | Karol Victor – fotografia | Leandro Marcelino – filmagem e edição
Fernanda Nicolini com “Waji”
Sinopse: Wají é um trabalho artístico, em estágio inicial, que parte de um corpo em dor. Um testemunho autobiográfico dançado em processo de recuperação e reconhecimento de si, seguindo a pesquisa da artista sobre como uma cor pode ser corpo, como a cura pode ser um corpo e como se move um corpo durante a após uma jornada de cura tendo outros corpos como disparadores de impulsos para mover-se transbordando afetos. Partindo do pó, do som, do gesto e da luz, todos na cor azul anil, o trabalho pretende estabelecer diálogos e contrapontos entre o todo e as partes do todo que o compõe, restrição como ferramenta de criação em gesto e espaço trabalhando o visível, o invisível e o opaco.
Duração: 15 min
Classificação etária: 18 anos
Ficha Técnica: Idealização, pesquisa de movimento e performance – Fernanda Nicolini
Cia. Resistência Bellyblack com “Obirin Omi”
Sinopse: Obirin e Omi são palavras yorubas: Mulher – água, Água presente no corpo de todos os seres vivos, água divindade Feminina relacionada a Osun. Este fragmento surge a partir de um recorte do espetáculo Corpo Dagua. Nesta cena- performance os itans de Osun, orixá feminina do panteão yoruba, representada pela águas doces, mostra as diversas faces do feminino, através da dança do ventre, da dança afro e do teatro.
Duração: 20 minutos
Classificação etária: Livre
Ficha Técnica: Intérpretes- criadoras: Odara Nur Mahin, Nubia Candace, Cheetara Ayuni | Percussionista: Amon | Música: Pedro Rebello
Maria Inês Galvão com “Nós”
Sinopse: “Nós” é uma pesquisa atravessada por questões existenciais sobre o feminino e pelos papéis exercidos socialmente por mulheres. Sustentam todo o processo de pesquisa reflexões sobre diferenças, sobre a perversidade do patriarcado e seus jogos de manutenção de poder. O trabalho que ainda possui aproximadamente 10 minutos, é realizado por duas mulheres e ainda está em processo de pesquisa e criação.
Duração: 10 minutos
Classificação etária: Livre
Ficha Técnica: Criação e interpretação: Maria Inês Galvão e Rafaella Olivieri | Colaboradores: Massuel Bernardi, Rafo Avelino | Iluminação: Luís Silva.
Renata Costa com “A(s) – isso não é um solo”
Sinopse: Neste trabalho, Renata Costa, revisita sua 1ª criação, intitulada “A(s)”, de 2004. O espetáculo tratava do universo feminino a partir de canções de Chico Buarque, escritas na 1ª pessoa do feminino, e que falavam sobre mulheres. A artista questiona os mecanismos sociais que a levaram a se embasar na fala de um homem que se coloca no lugar da mulher em suas canções para entrar em contato com sua feminilidade, assim como, entrar em contato com as referências femininas na construção como mulher.
Duração: 10 minutos
Classificação etária: 18 anos
Ficha Técnica: Direção e intérprete criadora – Renata Costa | Colaborador dramaturgico – Marcellus Ferreira | Desenho de luz – Renata Costa e Karla Gabriela
Sexta-feira, 13 de setembro
Princesa Ricardo com “Sobrou só um corpo” (40 min) + Bate papo
Sinopse: E se sobrar só o corpo, o que sobra de possibilidades de performatividade? Como diferentes modos de ser corpo se evidenciam a partir do desnudamento? É possível sobrar só o corpo? Onde começa e onde termina, afinal, o que chamamos corpo? O que acontece se voltamos nossa atenção exclusivamente para as ficções que o corpo-materialidade-ancestral-
Duração: 40 min
Classificação etária: 18 anos
Ficha Técnica: Concepção, criação e performance: Princesa Ricardo Marinelli | Interlocução artística: Gabriel Machado, Micheline Torres e Ricardo Nolasco | Realização: Selvática Ações Artísticas | Parcerias: Programa de Pós-graduação em Dança (PPGdan-UFRJ), Centro de Estudos do movimento – Casa Hoffmann, Fundação Nacional de Artes e IBERESCENA.
Sábado, 14 de setembro
Ligia Tourinho com “Ensaio sobre Pedras Soltas”
Sinopse: Com direção de Regina Miranda e atuação de Lígia Tourinho, aborda a obra da escritora, jornalista, tradutora e dramaturga, Patrícia Galvão, a Pagú, que tornou-se amplamente conhecida como a bela e mítica “musa do Modernismo brasileiro”, voltando-se principalmente para os textos escritos durante sua experiência na prisão, entre 1936 e 1940, e para a experiência corporal advinda do isolamento e das torturas físicas e emocionais que sofreu. Lígia Tourinho recoloca em cena a mulher radical, que se revolta e resiste sem entregar os pontos à loucura e à impotência. Baseada em “Até onde chega a sonda” (1939), texto escrito por Pagu enquanto estava na prisão, mais do que um diário de sobrevivência, a performance expressa a situação limite em que a autora se encontrava.
Duração: 40 min
Classificação etária: 12 anos
Ficha Técnica: Criação: Regina Miranda e Lígia Tourinho | Pesquisa, dramaturgia e direção: Regina Miranda | Atuação: Lígia Tourinho Figurino: Luiza Marcier
Cia Fragmento de Dança com “No te Vayas”
Sinopse: Numa busca incansável por si mesmo, tateamos o impossível. Talvez um outro tempo se anuncie, dizendo que não há fim, é sempre meio de caminho. Procura. Em No te Vayas, dois corpos testemunham a força do invisível. E lá, num espaço-sensação que não se define na forma, nem no tempo, criam seu pacto de transcendência. Sugerem ser duplo e avesso um do outro. Espelho. Sombra. É possível que o mito da alma gêmea faça sentido. Nele, em busca de uma resposta sobre o que é o amor, cria-se a narrativa de que, no princípio, éramos seres de quatro braços, quatro pernas e duas cabeças. Ao desafiarmos os deuses, fomos cindidos ao meio e condenados a viver à procura da nossa metade. Não há confronto, nem celebração. Dançamos a incompletude que se camufla na brevidade do toque. Do encontro. Da desesperança.
Duração: 30 min
Classificação etária: 12 anos
Ficha Técnica: Concepção, coreografia e direção: Vanessa Macedo | Assistente de direção e coreografia: Maitê Molnar | Artistas Cia Fragmento de Dança: Maitê Molnar e Vanessa Macedo | Edição e montagem de trilha sonora: Lua Oliveira e Fernando da Mata | Iluminação: Fellipe Oliveira | Figurino: Daíse Neves | Produção: Luciana Venancio (Movicena Produções)
Domingo, 15 de setembro
Gladis das Santas com “Maria Samambaia faz 50 anos ou vira cantora” (40 min) + Bate Papo
Sinopse: “Maria Samambaia faz 50 anos ou vira cantora; E amor, humor e mortes esse trabalho diz Sobre a trajetória de Maria Samambaia que faz 15 anos e de Gladis que faz 50 anos em outubro de 2024. É sobre fúria também em viver como mulher, mãe, artista, professora da universidade pública num país chamado Brasil. Esse trabalho se inicia como processo no primeiro ano da pandemia 2020. O corpo não consegue dançar, deita e se perde. No entanto ganha de presente sintomas de uma menopausa que beira a loucura e que segundo a médica, a pandemia pode ter intensificado o isolamento.
Duração: 40 min
Classificação etária: 18 anos
Ficha Técnica: Criação e performance: Gladis das Santas | Colaboração artística: Mabile Borsatto, Ludmila Veloso, Raquel Bombiere e Ronie Rodrigues. | Projeto de som e luz: Danilo Ventania e Fabio Cadore