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Juliana Moraes estreia solo EU ELAS no SESC Belenzinho

EU ELAS - Juliana Moraes
Foto: Cris Lyra/Divulgação

EU ELAS parte de gestos e posturas socialmente aceitos como femininos no ocidente, especialmente a partir dos anos 50, para desconstruir e questionar esses comportamentos aprendidos. Movendo-se intensamente, porém mantendo-se sentada durante 30 minutos, a artista elabora uma dramaturgia alicerçada na acumulação de gestos em diferentes partes do corpo, criando apuradas combinações.

O solo desdobra-se majoritariamente no silêncio, tendo o corpo como marcador de pulso repetitivo e mecânico, quebrado por variações enérgicas nas quais ações se embaralham em extrema aceleração.

Na segunda metade do solo, o silêncio é quebrado por uma única música, de cinco minutos, composta especialmente por Laércio Resende, cuja entrada e saída se dão inesperadamente.

No final, Juliana retira um saco plástico do bolso, usa-o para conter a respiração e a fala, e, a seguir, enfia-o inteiro na boca, numa clara crítica à quietude ainda imposta ao feminino.

O trabalho foca a identidade feminina construída em processos complexos de submissão e resistência. Tais processos são levados à cena como estratégias coreográficas que forçam a intérprete a lidar, no tempo presente, com a submissão e a resistência de seu próprio corpo às posturas e aos gestos que ela aprendeu desde a infância.

EU ELAS é resultado do aprimora poético de Juliana Moraes, que vem se especializando no uso da repetição como estrutura de composição em dança. Nessa nova fase, a artista faz uso de estratégias de edição cinematográfica para a organização temporal do solo, entre as quais o tempo reverso. Juliana também se aprofunda na criação coreográfica alicerçada em estados corporais através do controle polirrítmico do corpo e de diversos usos da respiração, além da sustentação de pausas após longos trechos de fiscalidade cansativa e vice-versa.

A aceleração gera uma alteração no estado físico-psíquico da artista, a partir da qual ela compõe no tempo real da cena. Juliana argumenta que essa forma de performar não pode ser chamada de improvisação, pois consiste em composição coreográfica a partir de posturas e estados físicos, psíquicos e emocionais estudados exaustivamente em ensaios. A artista busca uma coreografia que não se organiza linearmente, pois em vez de fazer um movimento depois do outro busca a simultaneidade e o acúmulo.

A textura corporal básica do solo EU ELAS vem sendo trabalhada pela artista desde 2005. O aprimoramento dessa corporalidade ao longo dos anos permite que agora Juliana elabore um solo inteiro somente a partir dela, mergulhando no conceito e expandindo sua assinatura poética, que alia fisicalidade vigorosa a extremo rigor formal.

FICHA TÉCNICA

Direção, coreografia e interpretação: Juliana Moraes
Música: Laércio Resende
Desenho de luz: Juliana Moraes e Armando Junior
Operação de luz e som: Pamola Cidrack
Produção: Gustavo Sanna e César Ramos / Complementar Produções
Fotografias: Cris Lyra
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

SERVIÇO

EU ELAS
Juliana Moraes
Dias 7, 8 e 9 de abril de 2017
Sextas e sábados, às 20h30 e domingos, às 17h30.
Local: SESC Belenzinho
Rua Padre Avelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo/SP
Ingressos: R$ 20,00
Duração: 30 minutos

WORKSHOP

Dia 4 de abril das 15h às 21h30
Sesc Belenzinho
R. Padre Adelino, 1000 – Belenzinho, São Paulo