A partir do dia 03 de maio o Teatro Poeirinha recebe o espetáculo “Tal do Caminho”, encenação de João Saldanha, com interpretação de Paula Aguas, um misto de dança, performance e artes visuais. Em sua segunda temporada, esse trabalho vem se atualizando conforme a vivência adquirida desse tempo de parceria de trabalho entre essa dupla de bailarinos/criadores.
Trata-se de um solo onde a artista traça o sentido da moradia, seus percursos e formas de aconchego, onde a construção determina um universo feminino demarcado pelas dúvidas e certezas que a maternidade traz. Um trabalho que expressa o caminho solitário do indivíduo em busca de comunicação. Para João Saldanha, o ponto de partida deste projeto é se tratar de “um processo delicado, longevo onde a criação surge como forma de transformação e restauro para ampliarmos nossas comunicações”.
Paula Aguas sempre buscou processos desafiadores, onde não tinha muito conhecimento sobre a linguagem e dessa vez não foi diferente. Segundo ela, Saldanha foi um mundo que se abriu à sua frente, a tirou da zona de conforto, com um conhecimento delicioso, com dedicação, generosidade, propondo um trabalho minucioso sensível e potente. Nos primeiros encontros entre os dois, a bailarina falava do desejo de um trabalho onde a plateia pudesse se colocar no lugar da intérprete eliminando qualquer possibilidade de sublimação da bailarina, tão comum ainda em dança.
“Queria um trabalho que eu me deixasse ver, vulnerável, ‘limpa’, despida de qualquer proteção ou máscara. Um diálogo que falasse de integridade, disponibilidade e afeto. Fomos juntos encontrando esses lugares, texturas, desejos e expressões. Uma dança que acolhe e se deixa ver nos passos delicados e arriscados assim como a vida” – conta Paula.
No palco, escultura e vídeo integram a concepção do espetáculo. As imagens de Gustavo Gelmini, conciliadas à montagem de uma escultura de madeira da arquiteta Lia Siqueira, consistem em firmar um ambiente que propõe uma moradia e estimulam estados emocionais. Tal do Caminho conta com colaboração de Daniela Visco e trilha de Sacha Amback, que selecionou entre as músicas uma composição do pai de Paula, António Mestre, considerado um dos melhores acordeonistas do mundo.
“O solo concebido por Saldanha especialmente para Paula é uma obra segura, madura, de dois artistas donos de trajetórias diversas na dança contemporânea brasileira, e que, ao se unirem, ganharam mais potência…” – Adriana Pavlova / O Globo.
João Saldanha no Paço Imperial
Ao mesmo tempo que lança o espetáculo, João Saldanha expõe, somente até dia 22/04, no Paço Imperial, a instalação movente “Sobras e Relatos de Recarga” idealizada por ele em parceria com o arquiteto Francisco Palmeiro. Trata-se de um espaço de referências da trajetória do artista, que há 40 anos iniciou seu percurso em Dança. A mostra dispõe de imagens, objetos e gravações que são substituídas conforme as histórias são apresentadas a cada semana, com relatos pessoais e referências de seu universo criativo na dança carioca. As observações e pensamentos contidos em síntese, expressam os anos de uma intensa convivência com artistas das mais diversas gerações com os quais João teve a alegria de se relacionar.
“No fazer desse trabalho, completo um ciclo que situa o meu lugar de atuação nas artes cênicas. Refazer este caminho implica em não querer simplesmente documentar o feito, mas trazer à tona uma outra perspectiva do que foi feito, como foi feito e seguir fazendo. Nesse processo indico que a matéria dança expressa sua mobilidade e refaz-se das habituais expectativas a meu respeito. Refazer esse percurso é uma afirmação de que, com o tempo, foi preciso ampliar o campo de expressão, onde precisei rever de onde vim para me certificar que me transformei e aprimorei as minhas escolhas.” – explica Saldanha.
Sobre os artistas
João Saldanha coreógrafo estudou dança moderna, jazz e balé no Brasil, Inglaterra e França entre os anos de 1978 e 1994. Fundou sua companhia, Atelier de Coreografia, em 1986 e desde então, recebeu diversas premiações na concepção de 28 criações autorais, entre elas: Prêmio Estímulo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1998. Entre 1999 e 2003, recebeu o apoio da Secretaria Municipal de Cultura para a elaboração de seus projetos. Foi selecionado pelo Programa de Bolsas Vitae de Artes 2004, com o projeto Danças Modulares. Recebeu o Prêmio Icatu Holding, pelo conjunto de sua obra, tendo sido contemplado com uma residência artística ao longo do ano de 2005, em Paris. Nesse mesmo ano, idealizou o projeto Domingos no Municipal, com preços populares e programação de dança contemporânea brasileira. Em 2006, sua criação, Extracorpo, estreou na França sendo co-produzida pela XII Bienal de Dança de Lyon. Nesse mesmo ano recebeu o Prêmio Funarte Klauss Vianna para montagem e circulação. Em 2007, foi convidado a coreografar a companhia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e em 2008, recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, pelo seu percurso em dança. No ano de 2009, recebeu o Prêmio Funarte Klauss Vianna para a realização de ”Paisagem Concreta”, estreando a temporada 2010 do Centro Cultural Banco do Brasil RJ. Em outubro de 2010 construiu um trabalho para a bailarina e mestra Angel Vianna, pela celebração de seus 60 anos de vida artística. Na edição de vinte anos do Panorama Festival foi homenageado pelos 25 anos de sua companhia, apresentando quatro peças de seu repertório. Em 2011, Saldanha foi indicado ao Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, pelos anos de trabalho ininterrupto a frente do Atelier de Coreografia e recebeu o Prêmio da Revista BRAVO de melhor espetáculo do ano com “Núcleos”. Em setembro de 2012, estreou “Aventura entre pássaros”, no Teatro Carlos Gomes no Rio de Janeiro. Em 2013, foi contemplado pela APCA como melhor coreógrafo de 2012. Nesse mesmo ano escreveu e dirigiu seu primeiro texto para teatro para a celebração de 25 anos da Cia dos Atores, com o espetáculo solo “Como estou hoje”. Em 2013, estreou o trabalho coreográfico “Piquenique”, em parceria com a Cidade das Artes e com Panorama Festival no Rio de Janeiro. Em 2014, Saldanha foi convidado pelo SESC Central para fazer uma turnê por 10 capitais do país com o espetáculo “Qualquer coisa a gente muda”. No primeiro semestre, o coreógrafo levou Piquenique para o SESC Pompéia e para 10 cidades do interior do Estado de São Paulo, bem como, para região serrana do estado do Rio. Em Junho de 2014, a convite do Espaço SESC, montou a exposição “Topo” sobre o jornalista e técnico João Saldanha, seu pai. Em agosto do mesmo ano, dirigiu um show sobre os 101 anos de Vinicius de Morais com a participação de Eveline Hecker, Zeca Assumpção e Marcelo Costa. Em 2015, estreou seu segundo texto para teatro, “Pahoma”, no Espaço SESC, com grande repercussão da crítica especializada do Jornal O Globo e êxito de público. Estreou o espetáculo “Romeu” em Dezembro no mesmo ano que iniciou o processo criativo e a colaboração com a bailarina Paula Aguas. Em 2017, Tal do Caminho tem sua estreia no espaço SESC e João Saldanha começa a escrever seu terceiro texto para ser encenado pela atriz Cissa Guimarães. Recentemente, em Março de 2018, Saldanha idealizou uma instalação a convite da direção do Paço Imperial “Sobras e Relatos de Recarga”, onde traça o perfil de sua vivência artística nos últimos 40 anos. Desde o último mês faz o desenho corporal do espetáculo Panorâmica Insana, com direção de Bia Lessa, com estreia prevista para março do corrente ano.
Paula Aguas bailarina e atriz e coreógrafa, iniciou sua carreira de bailarina profissional aos 15 anos e há 12 anos assina a direção, coreografia e interpretação de seus espetáculos, entre eles “Qual É a Música”, “Sobre Flores Amarelas” e “Não Alimente o Animal”; encenados no Brasil, Europa e Ásia. Em 2016 Paula começou a desenvolver um novo espetáculo com o diretor e encenador João Saldanha. Paula Aguas dançou em companhias como Ballet do Teatro Castro Alves (Salvador/BA); Quasar (Goiânia/GO); Ana Vitória Dança Contemporânea, Nós da Dança e Vacilou Dançou de Carlota Portella (Rio de Janeiro/RJ). Atuou nos espetáculos de dança/teatro de Sérgio Britto – “Romeu e Julieta” e “Memórias do Interior”. Trabalhou como preparadora corporal com diretores teatrais como Moacyr Góis, Luis Fernando Lobo, Roberto Bomtempo e Isabel Diegues. Deu aulas de dança contemporânea das companhias Débora Colker, El Passo, Vacilou Dançou e do Grupo Nós do Morro. Fez parte do corpo docente da UniverCidade nos cursos de Licenciatura em Dança e Teatro. Paula é formada em Licenciatura em Dança pela UniverCidade e tem Pós-graduação em Arte e Filosofia pela PUC-RJ.
Equipe
Encenação: João Saldanha
Interpretação: Paula Águas
Direção de Produção: Tatiana Garcias
Colaboração: Daniela Visco
Trilha sonora original: Sacha Amback
Escultura: Lia Siqueira
Figurino: Pia Franca
Videoartista: Gustavo Gelmini
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Fotografia: Renato Mangolim
Projeto Gráfico: Infinitamente Estúdio de Criação
Operação multimídia: Vanderson Vieira
Técnico de montagem de luz: Luiz Oliva
Produção Executiva: Dayana Lima
Cenotécnico: Marcelo Sampa
Costureira: Lucia Lima
Preparação Corporal: Fisioterapia – Nubia Barbosa
Preparação Corporal: Gyrotonic – Bel Teixeira
Crédito da foto: Renato Mangolim
Serviço
Tal do Caminho
João Saldanha e Paula Agua
De 03 a 27 de maio de 2018
Quinta a sábado, às 20h, domingo, às 19h
Local: Teatro Poeirinha
Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
Ingressos: R$ 40,00 (inteira), R$ 20,00 (meia)
Telefone: 21 2537-8053
Classificação: 14 anos
Duração: 60
Lotação: 20 lugares