Entre 21 e 25 de janeiro, a iN SAiO Cia. de Arte se instala na Funarte SP, dentro do Projeto Âmbargris – Ocupação Cerco Choreográfico para apresentar “Dark Room”, espetáculo concebido e dirigido pela bailarina e coreógrafa Claudia Palma, que explora a percepção por meio da proximidade e da fragmentação de imagens de movimento, que entram e escapam do campo de visão do espectador. A entrada tem preços populares (R$ 10,00 e R$ 5,00 – meia).
Dividindo com o público o palco, os seis intérpretes da companhia – Cristina Ávila, Felipe Teixeira, Mariana Molinos, Natalia Franciscone, Renato Vasconcellos e Thiago Sancho – lançam seus corpos a afetos, olhares, recolhimento e risco, num jogo onde abrem-se frestas por onde espiam voyeurs: a presença se dilui e se reconstrói, quando olhar é quase tocar.
Ao experimentarem essa dança fugidia, fragmentada, que escapa quando parece que vai se estabelecer, os bailarinos constroem um caleidoscópio de imagens em movimento.
As apresentações fazem parte do Projeto Âmbargris – Ocupação Cerco Choreográfico, residência artística idealizada pela bailarina Andreia Yonashiro, que acontece desde agosto de 2014 até março próximo, com espetáculos, aulas, ensaios, debates e festas na Sala Renée Gumiel, da Funarte.
Primeira inspiração
A obra “Blind Light”, do artista britânico Antony Gormley – um grande espaço branco, preenchido por espessa névoa, por onde o público passa sem enxergar quase nada -, foi o ponto de partida para essa “Dark Room”, que se ocupa mais do trânsito entre os mundos interno e externo do que da abordagem sexual mais comumente conhecida para este termo. “A percepção acontecia por meio do corpo, a relação se estabelecia em forma de sensações, quase como uma cena. E estas experiências vieram ao encontro dos novos desejos: descobrir por meio do movimento, da composição coreográfica, caminhos para uma relação de provocação sensível com o público”, comenta Claudia Palma sobre a inspiração para a concepção coreográfica.
Durante o processo de criação, o elenco contou com o filósofo Rodrigo Vilalba e a professora e artista da dança Ana Terra, que atuaram como provocadores no sentido de propiciar fusões entre o pensamento filosófico-artístico e a dança.
A execução cenográfica é de Wilson Aguiar; André Boll responde pela iluminação, Renato Jimenez compõe a trilha sonora original e Lia Damasceno assina o figurino. A produção de Cristiane Klein (Dionísio Produção Cultural) tem Cristina Ávila como assistente.
“Dark Room” foi produzido com o apoio do 14º Edital do Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo e a circulação, nesse momento, integra o novo projeto com o qual a companhia foi contemplada (projeto “Ecos”, 16a edição do Programa de Fomento à Dança).
Trajetória e Desejo
Claudia Palma começou sua trajetória no Grupo Casa Forte, com direção de Edson Claro, na década de 80. Foi lançada ao palco. Em seguida, já profissionalizada, integrou por oito anos a Cisne Negro Cia. de Dança e, em 1994, passou a integrar a República da Dança, com direção de Ana Mondini, “ um espaço de referência e inspiração”, declara. Com ela, descobriu sua verdadeira dança e começa suas próprias criações como coreógrafa. O passo seguinte foi o Balé da Cidade de São Paulo por 15 anos, oito deles na Cia.2, “onde me tornei de fato intérprete-criadora e percorri, ainda que em grupo, minha autonomia”, sentencia.
Ao falar sobre esta trajetória, Claudia Palma procura entender os caminhos escolhidos neste momento. “O fato de ter trabalhado com coreógrafos e diretores dos mais diversos e talentosos do país e do exterior me proporcionou suporte para compreender o corpo que se constrói na cena. Minha pesquisa corporal acontece neste ambiente onde a formação se dá no próprio fazer, na construção das dificuldades e não facilidades corporais. Por esse motivo trabalho com profissionais de diversas formas de expressão artística. Esta escolha potencializa meu trabalho, uma vez que não procuro corpos prontos, e sim disponíveis para a cena, e que também reflitam seus próprios modos de fazer e pensar. Por estas razões, escolhi dirigir a iN SAiO Cia. de Arte, espaço onde posso dar continuidade à minha pesquisa artística como coreógrafa e diretora. O que desejo é a continuidade deste meio e modo de produzir ”, conclui.
Com a iN SAIO, Claudia Palma concebeu “Lugar Algum”, “Cálamo”, “Novos experimentos” e “Platô” contemplados, respectivamente, pelo Programa Municipal de Fomento à Dança e ProAc (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura).
SERVIÇO
Dark Room – Projeto Âmbargris – Ocupação Cerco Choreográfico
iNSAIO Cia de Arte
De 21 a 25 de janeiro de 2015
Quarta a sábado, às 20h30; domingo, às 19h30
Funarte SP – Sala Renée Gumiel
Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos – São Paulo/SP
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Informações: (11) 3662-5177
Lotação: 50 lugares
Duração: 60 min.
Classificação indicativa: 16 anos