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Grupo Corpo apresenta Triz, no Teatro Alfa

Para o Grupo Corpo, até seus próprios limites são relativos. Superá-los tornou-se um exercício de linguagem na criação “Triz”, novo espetáculo da companhia de dança mineira.

Acostumado a criar as coreografias cerca de um ano antes de cada estreia, desta vez, Pederneiras e “os melhores bailarinos do mundo”, como disse ele na entrevista, iniciaram os trabalhos apenas em maio, três meses antes da primeira apresentação, sob a pressão do tempo e da limitação física.

“O mote veio no início do processo, com essa urgência, a coisa no limite, essa quase impossibilidade de fazer”, conta Pederneiras. “Se não fossem os bailarinos, eu não teria feito. Tem muita coisa criada por eles, inclusive. Eu pensava e eles já iam fazendo.”

A primeira consequência dessa relação entre criadores se deu com um transbordamento do processo de montagem para o espetáculo final.

As cordas de aço que cercam e moldam todo o espaço, além de aludirem à própria trilha sonora, reforçam a ideia de vazamento entre o que é do palco e o que deveria estar fora dele.

“Há sempre o jogo com esse limite do que é ensaio e do que é espetáculo”, ressalta Paulo Pederneiras, diretor artístico, cenógrafo e iluminador da companhia.

O figurino de Freusa Zechmeister, com os macacões em branco e preto, ao mesmo tempo em que corta longitudinalmente o corpo de cada bailarino em duas partes simétricas, cria a ilusão de fusão entre os corpos do elenco, fazendo com que o espectador não perceba de onde parte e a quem pertence o movimento.

BIS DE LENINE

Em sua segunda parceria com grupo mineiro, Lenine, que assina a trilha sonora, transforma em música gravações da respiração, da contagem e do som dos pés dos bailarinos durante o ensaio.

“Quando vi o Rodrigo criando, a contagem era tão esquisita, que eu pensei: ‘gente, se alguém perder contagem durante a coreografia, só alcança no próximo espetáculo'”, diz Paulo Pederneiras.

Além disso, a complexidade da composição, feita somente com instrumentos de corda, lançava um grande desafio para o elenco. Um certo descompasso acompanha os movimentos, como se algo, propositalmente, desencaixasse. “Um erro calculado”, avisa o coreógrafo.

O espetáculo “Breu” (2007), fruto do primeiro encontro com Lenine, era marcado pelo impacto, pela brutalidade e a proximidade dos movimentos com o solo.

Em “Triz” os bailarinos não vão totalmente ao ar nem se entregam ao chão. “É entre um e outro, pancada e leveza”, explica Rodrigo.

Comparado ao espetáculo anterior do grupo, “Sem Mim”, traz uma liberdade conceitual que o outro, pela presença da narrativa, não permitia.

Como os bailarinos foram os cocriadores de “Triz”, é com o repertório de movimentos já impregnados em seus corpos que se desenvolveu a identidade do espetáculo.

Mas, nesta criação, o coreógrafo também radicaliza o uso de alguns elementos que fazem parte de sua assinatura, entre eles a existência de diferentes tempos simultâneos e a subversão das formações de trios e duos no palco, como se convidasse o espectador a participar de um jogo constante de construção e desconstrução de sua dança.

SERVIÇO

Triz – Grupo Corpo
Teatro Alfa
Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro – São Paulo – CEP: 04757-000
21 a 29 de novembro de 2013
Terça a quinta, às 21h, sexta, às 21h30, sábado, às 20h, domingo, às 18h
Ingressos: R$ 40,00 a R$ 120,00
Informações: (11) 5693-4000
Vendas on-line: Ingresso Rápido

Fonte: Postado originalmente na Folha de S. Paulo (adaptado pelo ADD)