Um ícone da arquitetura moderna paulistana, o Sesc Pompeia, projeto de requalificação de uma antiga fábrica de tambores dos anos 1930 liderado por Lina Bo Bardi, é o cenário do novo espetáculo do Grupo Ares, Vertebral, com minitemporada gratuita. No paredão, a 40 metros do chão, dez bailarinos-acrobatas encantam o público numa fusão de técnicas circenses e dança contemporânea, desta vez com base no butô. As apresentações serão nos dias 1, 2, 8 e 9 de setembro, sextas-feiras e sábados, às 20h.
Uma das precursoras da dança vertical no Brasil, Monica Alla assina a direção e concepção do espetáculo e divide com Weidysan a coreografia, que dialoga com a arquitetura do paredão de Lina Bo Bardi. André Fratelli responde pela direção técnica. Sérvulo Augusto criou a trilha original, são quatro faixas instrumentais e duas cantadas, uma delas um rap.
Com verve circense, o espetáculo alterna composições coletivas e individuais, mudando e dinamizando a trama visual. Estabilidades e desestabilidades se pronunciam em posições, como uma tradução do processo de movimentos vertebrais, que determinam em qual direção o corpo vai.
No ar
A 17ª criação da companhia resulta das pesquisas de movimento e depoimentos físicos que cada integrante trouxe ao longo do processo de criação: como essas partituras se reorganizam e alinham na passagem do chão para o ar, como esses corpos redefinem suas formas de comunicar, na mudança de gravidade, planos e apoios.
“São várias vertebras e todas se unem e juntas tudo funciona. Então esse foi o princípio da nossa pesquisa. A gente trabalha uma linguagem do massivo coreógrafo, que são todos juntos, e tivemos também uma base da dança butô”, diz a diretora Monica Alla.
Coreógrafa da Cerimônia de Abertura da Copa do Mundo Fifa 2014, fundadora da Nau de Ícaros e ex-integrante do Acrobático Fratelli, ela começou a sua pesquisa em dança aérea em 1999 quando mudou para a Holanda. Ao voltar para o Brasil, fundou o Grupo Ares e começou a desenvolver a linguagem da dança vertical e aérea por aqui, há aproximadamente dez anos.
Coração e mente, energias masculinas e femininas, materialização e desmaterialização alcançam por momentos uma unidade orgânica. Firmes como pedra e fluidas como água, cada vertebra possui uma coluna e um sistema nervoso próprio. Vertebral é um trabalho focado na dança aérea vertical que prioriza as ligações, as conexões, o vertebral.
Grupo Ares
Criado em 2008, é um núcleo artístico de pesquisa e criação que tem como principal objetivo buscar a verticalidade em cena por meio dos mais diferentes aparelhos aéreos, unindo-os à dança, ao teatro físico e ao circo contemporâneo para a criação de espetáculos, performances e intervenções.
A escolha de locais inusitados para a realização de suas apresentações, como fachada de prédios, piscinas, galerias de arte e espaços públicos diversos, é uma de suas características. Seu elenco é flexível, podendo mudar a cada proposta de criação. Monica Alla concebeu, coreografou e dirigiu os seguintes espetáculos do grupo: A Menina e o Sábia (2016) / Asas de Um Sonho (2015) / Mova-se – A Liberdade de ser e Estar Além da Gravidade (2015) / Ilusões – O Amor na Mesa Vertical do Tarô (2014) / Deisespera (2013) / Chá D’Alice (2012) / …Eu Passarinho (2011) / Ragas (2010) / Tempo Ausente – Anjos Urbanos (2010) / Entrecordas (2009) / Circo Funâmbulos (2009) / La Resiliencia (2009) / Tempo Suspenso (2007).
Monica Alla
Coreógrafa, bailarina e acrobata, formada em capoeira pela (Associação São Bento Grande – SP). No Brasil, transitou por diferentes universos artísticos. Fundou as companhias Nau de Ícaros e Linha Aéreas, foi integrante do Acrobático Fratelli e participou de montagens do Teatro do Ornitorrinco e Teatro da Vertigem. Em Londres fundou a The Capoeira Dance Company quando desenvolveu uma linguagem própria, a Flow Improvisation que une a capoeira e o contato-improvisação.
Seu primeiro contato com a dança aérea aconteceu em Amsterdam onde realizou uma parceria artística de sete anos com a companhia Kris Niklison KNTC, atuando como intérprete, coreógrafa, assistente de direção, cenógrafa e figurinista em espetáculos premiados, apresentados em teatros e festivais de 20 países em quatro continentes. Desde 2007 é diretora artística do Grupo Ares, com o qual ganhou o Prêmio Funarte Carequinha de Estímulo ao Circo – edições 2009 e 2011, o edital de Ocupação da Caixa Cultural SP em 2009, Caixa Cultural Curitiba em 2016, e o Prêmio Funarte Artes Cênicas de Rua em 2013. Fez a coreografia da Cerimônia de Abertura da Copa do Mundo FIFA 2014 (ato 1 – Pernas de Pau e ato 2 Capoeira). Participou como intérprete-criadora no Festival Tangolomango 2014 nas edições Chile – Brasil. Dirigiu o espetáculo Secos & Molhados, do Grupo ParaladosAnjos, de Campinas, 2015, uma direção compartilhada com Fernando Villar (Brasília) Raquel Scotti Hirson (Teatro Lume) e Idit Herman (Israel). Idealizou, concebeu e dirigiu o espetáculo Cidades Flutuantes que fez parte da Mostra Intrépida Trupe 30 anos no Rio de janeiro 2016, direção compartilhada com Lavínia Bizzoto e Meran Vargens.
Ficha Técnica
Direção artística e concepção: Monica Alla.
Assistente de direção: Weidysan.
Coreografia: Weidysan e Monica Alla.
Direção técnica: André Fratelli.
Trilha sonora original: Sérvulo Augusto.
Desenho de luz: Gita Govinda e Lelê Justino.
Intérpretes-criadores: Alan Quinquinel, Diego Oliveira, Dheborah Giorgia, Flor Reeves, Gita Govinda, Jacques Alejo, Joy Domingoz, Lana Borges, Laila Rebelo e Luciene Bafa.
Cantora: Lana Borges.
Figurinos: Márcio Vinícius.
Workshop de butô: Will Lopes.
Apoio criativo e design gráfico: Flor Reeves.
Técnicos: Eliezer Pedroso, Vagner Assalti e Edi Silva.
Operador de luz: Lelê Justino.
Fotos: Paulo Barbuto e Jean Cabral.
Vídeo: Criando Imagem.
Produção: Regina Oliveira e Laila Rebelo.
Crédito da foto: Jean Cabral
Serviço
Vertebral
Grupo Ares
Dias 1º, 2, 8 e 9 de setembro de 2017
Sextas e sábados, 20h. (Se chover a apresentação será cancelada.)
Local: Sesc Pompeia – na fachada do complexo esportivo
Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo/SP
Ingresso: Grátis
Informações: (11) 3871-7700.
Classificação: livre.
Duração: 40 minutos.
Capacidade: 3 mil pessoas.