Festival internacional de dança em paisagens urbanas ocupa, durante 8 dias, ruas, praças, parques e espaços públicos da cidade, garantindo acesso à arte e à dança contemporânea produzida no Brasil e no exterior.
Entre 31 de março a 7 de abril, São Paulo recebe o Visões Urbanas – festival internacional de dança em paisagens urbanas –, que chega a sua 10ª edição, trazendo a dança e a cidade como tema e palco para uma intensa programação. Artistas do Brasil, Bélgica, Itália, Portugal e Japão apresentam 18 espetáculos, performances e intervenções, oficinas, seminário, mostra de videodança e ainda uma exposição – que homenageia o artista Jorge Schultze, morto há um ano em Maceió (AL) – distribuídos por sete espaços da cidade: Praça das Artes, Museu de Arte Sacra, Museu da Imagem e do Som (MIS), Parque Trianon, Fábrica de Cultura do Belém e Centro de Referência da Dança. Nos dias 15 e 16 de abril o Visões Urbanas viaja para Campinas e realiza no SESC a extensão regional do festival.
A programação começa na sexta, 31 de março, com quatro trabalhos coreográficos apresentados sequencialmente na Praça das Artes: às 18h, “Improviso Azul”, performance-homenagem de Jailton de Oliveira e Nego Love ao bailarino Jorge Schutze; o japonês Yo Nakamura apresenta, às 19h, o solo “Lost Time, Same Sun”, inspirado na poesia de Naoko Kudo e nos desenhos do cartunista Taiyo Matsumoto; às 19h30, o Sacred Places, projeto concebido pelo belga Ben. de Keyser, traz “Homeland – Duo 1”, performance de dança e canto interpretada pelo italiano Amerigo Delli Bove e Noemi Schellens, da Bélgica. Encerram o dia, Toshi Tanaka e o Núcleo Fu Bu Myo In com a performance fugaku “Na Água Luminosa – Hikari No Mizu Ni”, que fala sobre o fluxo da água no corpo e na Terra.
No dia 1 de abril (sábado), as performances se dividem em dois espaços: de manhã, às 11h, o Museu de Arte Sacra é palco para “Homeland – Duo 2”, do Sacred Places, que traz, ao lado de Noemi Schellens, o bailarino argentino radicado no Brasil, Luis Arrieta. À tarde, a partir das 17h, o M.I.S – Museu da Imagem e do Som, recebe quatro performances – na primeira, “Ethos”, Bárbara Freitas invoca o cavalo marinho, o candomblé baiano e o sabar do Senegal, para mostrar o desafio de um corpo em desajuste, permeável ao exagero do tempo e do espaço urbano. Seguem “Lost Time, Same Sun”, do japonês Yo Nakamura (17h40); “Homeland – Duo 3”, do Sacred Places, com Amerigo Delli Bove (Itália) e o brasileiro Mauro Wrona (18h); o Grupo Caixa de Imagens, de Mônica Simões e Carlos Gaucho, com “Sonho e Ohnos”, que tem na força lírica do mestre Kazuo Ohno sua fonte de criação (18h30). A programação do MIS é encerrada com a Mostra Internacional de Videodança Inshadow – extensão São Paulo dirigida pelo cineasta português Pedro Sena Nunes que conversará com o público após a projeção dos filmes vencedores do Inshadow 2016.
Na manhã do domingo (2/4), o Festival reserva o Urbaninhas, com uma programação direcionada ao público infantil, que acontece ao ar livre no Parque Trianon: às 10h, Jeanice Ferreira e Alessandro Atanes fazem a intervenção “Tempos Modernos”, que empresta o título do filme de Charles Chaplin para lançar um olhar sensível à percepção do tempo e criar um contraponto à aceleração constante da vida cotidiana; em seguida (10h30), o grupo Lagartixa na Janela, dirigido por Uxa Xavier, convida a todos para criar jogos, dançar com tecidos ao vento e contemplar o movimento na performance “Varal de Nuvens”; e às 11h30, é a vez da Caleidos Cia de Dança, de Isabel Marques, chamar o público para assistir e participar corporalmente de “Coreológicas Ludus”.
A Praça das Artes volta a ser palco do Festival na segunda-feira (3/4). Às 17h, o Fragmento Urbano entra em cena com “Encruzilhada”, trazendo à tona uma discussão sobre ancestralidade, espaços urbanos e as relações sociais que os permeiam. Às 18h, Luis Arrieta e Mauro Wrona apresentam “Sacrifício *tornar sagrado”, outra criação da proposta “Homeland”, co-produção entre o projeto Sacred Places (Bélgica) e o Visões Urbanas (Brasil). Com “O Fim das Últimas Árvores”, Mirtes Calheiros e Ederson Lopes (Cia. Artesãos do Corpo) dançam o lamento da natureza num ambiente sonoro composto por samplers, filtros, fitas analógicas, loops e sintetizadores, criado ao vivo por Thiago Verdeee.
Na quarta, dia 5, acontece o Visões Periféricas, que desloca a programação para a Fábrica de Cultura do Belém, com duas apresentações à tarde: 14h, Bárbara Freitas reapresenta “Ethos”; e às 15h, o Grupo Caixa de Imagens, “Sonho e Ohnos”.
De volta à Praça das Artes, no sábado (7/4), às 18h, a Cia Artesãos do Corpo encerra as apresentações do Festival com “Estranhos seres nebulosos e ilusórios”, que tem na série “Esculturas do Inconsciente”, do fotógrafo japonês Tatewaki Nio, ignição para falar de territórios, comportamentos, formas de habitar e co-existir nas cidades contemporâneas.
Programação Paralela
Para além das apresentações, o Festival promove, entre 31/3 e 6/4, quatro oficinas – no MIS, o workshop teórico-prático “Vídeo-Dança”, ministrado pelo cineasta português Pedro Senna Nunes, direcionado para a criação de um video-dança de curta duração; e outras três no Centro de Referência da Dança (CRDSP) – Kathak, dança clássica indiana, com Gyaneshree Karahe; Dança Africana, da Guiné, com Fanta Konatê; e a oficina Fugaku “Ressonância dos corpos”, com Toshi Tanaka. Informações e inscrições no site www.visoesurbanas.com.br
O CRDSP também sedia um encontro/bate-papo com as professoras e artistas Ana Terra (Unicamp) e Telma César (UFAL-Alagoas), para falar sobre percursos, pesquisas e práticas em dança realizadas em Maceió e São Paulo, previsto para o dia 7/4, das 10h ao meio-dia; além da exposição “Jorge Schutze – Pode Tudo! Só Não Pode Qualquer Coisa”, inaugurada no primeiro dia do Festival, com imagens do artista e pesquisador captadas pela lente do fotógrafo Fabio Pazzini, em edições passadas do Visões Urbanas.
Nos dias 15 e 16 de abril a cidade de Campinas, através da parceria com o SESC, recebe a extensão do Visões Urbanas com a apresentação de Luis Arrieta e Mauro Wrona, no sábado, às 15h, e no dia 16, dois espetáculos fecham o festival: “Sonho e Ohnos”, com o Grupo Caixa de Imagens, e “Refúgio – ou como fixar raízes no concreto?”, da Cia. Artesãos do Corpo.
Dança em paisagens urbanas
Criado em 2006, pelos artistas Mirtes Calheiros e Ederson Lopes (Cia Artesãos do Corpo), o Visões Urbanas faz parte da rede internacional de festivais “CQD – cidades que dançam”, conectando São Paulo com cidades da Europa e América Latina, para promover a circulação, a troca e o intercâmbio de artistas e trabalhos criados para espaços públicos.
Nesta edição, o festival repete a experiência de descentralização da produção cultural para outras cidades – já aconteceu em São Bernardo do Campo, Embu-Guaçu e Maceió (Al) – sendo levado, em versão poket, para Campinas, nos dias 15 e 16.
X Visões Urbanas / 2017 foi contemplado pelo Proac – Festivais de Artes II.
Confira a programação completa no site www.visoesurbanas.com.br.