Com concepção e direção de Claudia Palma, “Dark Room” explora a percepção por meio da proximidade e da fragmentação de imagens de movimento, que entram e escapam do campo de visão do espectador.
“Mostrar para esconder, velar para revelar”. Com esta frase-síntese a iN SAiO Cia. de Arte aponta o sentido de “Dark Room”, nova criação dirigida pela intérprete e coreógrafa Claudia Palma, que estréia corajosamente na semana do Carnaval e permanece por três semanas consecutivas na Sala Paissandu do Centro de Dança Umberto da Silva – Galeria Olido (de 27/2 a 16/3). Com a proposta de circular por espaços descentralizados, a companhia leva “Dark Room”, ainda em março, para os Centros Culturais da Penha (dias 19 e 20/3) e Cidade Tiradentes (26 e 27). A entrada é sempre gratuita.
Em “Dark Room”, a cena é composta a partir de desejos de aproximação, num ambiente permeado pelos sentidos. Ao dividirem com o público o palco – sensivelmente reconfigurado para explorar essa relação de proximidade com a plateia -, seis intérpretes-criadores lançam seus corpos a afetos, olhares, recolhimentos e riscos. Num jogo entre objeto e sombra, movimento e pausa, abrem-se frestas por onde espiam voyeurs: a presença se dilui e se reconstrói quando olhar é quase tocar. Ao experimentar essa dança fugidia, fragmentada, que escapa quando parece que vai se estabelecer, os intérpretes constroem um caleidoscópio de imagens em movimento.
A exposição “Corpos presentes”, do inglês Antony Gormley (Centro Cultural Banco do Brasil/2012), especialmente o vídeo da instalação “Blind Light” (2007) – um grande espaço branco, preenchido por espessa névoa, por onde o público passa sem enxergar quase nada -, foi o ponto de partida para essa “Dark Room”, que se ocupa mais do trânsito entre os mundos interno e externo do que da abordagem sexual mais comumente conhecida para este termo. “A percepção acontecia por meio do corpo, a relação se estabelecia em forma de sensações, quase como uma cena. E estas experiências vieram ao encontro dos novos desejos: descobrir por meio do movimento, da composição coreográfica, caminhos para uma relação de provocação sensível com o público”, comenta Claudia Palma sobre a inspiração para a concepção coreográfica.
Durante o processo de criação, o elenco contou com a colaboração de dois profissionais-chave, que atuaram como provocadores no sentido de propiciar fusões entre os pensamentos filosófico e artístico e a dança: o filósofo Rodrigo Vilalba, por meio de reflexões poético-filosóficas das próprias práticas criativas em relação aos conceitos pretendidos, e Ana Terra, que contribuiu com diálogos, devolutivas e, inclusive, proposições de procedimentos práticos diretamente voltados à criação.
Cristina Ávila, Felipe Teixeira, Mariana Molinos, Natalia Franciscone, Renato Vasconcellos e Vinícius Francês compõem o núcleo de criação e interpretação. A execução cenográfica é de Wilson Aguiar, André Boll responde pela iluminação, Renato Jimenez compõe a trilha sonora original e Lia Damasceno assina o figurino. A produção de Cristiane Klein (Dionísio Produção Cultural) tem Cristina Ávila como assistente.
“Dark Room” foi contemplado pelo 14º Edital do Programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo.
Trajetória e Desejo
Claudia Palma começou sua trajetória no Grupo Casa Forte, com direção de Edson Claro, na década de 80. Foi lançada ao palco. Em seguida, já profissionalizada, integrou por oito anos a Cisne Negro Cia. de Dança e, em 1994, passou a integrar a República da Dança, com direção de Ana Mondini, “um espaço de referência e inspiração”, declara. Com ela, descobriu sua verdadeira dança e começa suas próprias criações como coreógrafa. O passo seguinte foi o Balé da Cidade de São Paulo por 15 anos, oito deles na Cia.2, “onde me tornei de fato intérprete-criadora e percorri, ainda que em grupo, minha autonomia”, sentencia.
Ao falar sobre esta trajetória, Claudia Palma procura entender os caminhos escolhidos neste momento. “O fato de ter trabalhado com coreógrafos e diretores dos mais diversos e talentosos do país e do exterior me proporcionou suporte para compreender o corpo que se constrói na cena. Minha pesquisa corporal acontece neste ambiente onde a formação se dá no próprio fazer, na construção das dificuldades e não facilidades corporais. Por esse motivo trabalho com profissionais de diversas formas de expressão artística. Esta escolha potencializa meu trabalho, uma vez que não procuro corpos prontos, e sim disponíveis para a cena, e que também reflitam seus próprios modos de fazer e pensar. Por estas razões, escolhi dirigir a iN SAiO Cia. de Arte, espaço onde posso dar continuidade à minha pesquisa artística como coreógrafa e diretora. O que desejo é a continuidade deste meio e modo de produzir ”, conclui.
Com a iN SAiO, Claudia Palma concebeu “Lugar Algum” e “Cálamo”, contemplados, respectivamente, pelo Programa de Fomento à Dança e ProAc (Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura).
Confira o vídeo do processo de criação de Dark Room:
SERVIÇO
Dark Room – In Saio Cia. de Arte
De 27 de fevereiro até 27 de março de 2014
Entrada Gratuita
Duração: 60 min.
Indicação etária: 16 anos
Informações: insaiociaarte.blogspot.com
Galeria Olido – Sala Paissandu
De 27 de fevereiro à 16 de março de 2014
Qui. a sáb., às 20h; dom., às 19h
Av. São João, 473 – 2º andar – República
Informações: (11) 3397.0170
Centro Cultural da Penha
Dias 19 e 20 de março de 2014
Qua. e qui., às 20h
Largo do Rosário, 20 – Penha – São Paulo – SP
Informações: (11) 2295.0401 / centroculturaldapenha@gmail.com
Lotação: 25 lugares
Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes
Dias 26 e 27 de março de 2014
Qua. e qui., às 20h
Av. Inácio Monteiro, 6900 – Cidade Tiradentes – São Paulo – SP
Informações: (11) 2555.2840
Lotação: 35 lugares