Criada por Márcia Milhazes, performance de dança “Cebola” encerra Ocupação Vesica Piscis no MAC USP Ibirapuera
Márcia Milhazes (Rio de Janeiro) criou uma performance para a Ocupação Vesica Piscis (MAC USP Ibirapuera) que encerra o projeto idealizado por Maria Mommensohn. Interpretada por Ana Amélia Vianna e Domenico Salvatore, Cebola é considerada pela sua criadora como uma experiência de busca da natureza humana através do gesto. A temporada acontece de 8 a 10 de julho, sexta a domingo, das 13h às 17h.
Em Cebola, o intérprete/gesto é o centro de um local genuíno, núcleo do movimento e da tentativa de entender a sua dança e os diversos meios artísticos que buscam e perfuram uma massa de estrutura estética conceitual e emocional. Na peça, um sistema de formas se cola, construindo uma cadeia espiral de frases, palavras/gestos que fomentam uma mecânica subterrânea do corpo.
Esse sentido da narrativa parte da arqueologia do gesto numa geometria memorial e, só através dele, o mundo externo se revela. Tornando um corpo/poema infinito, numa sensação de infinitos lugares do imaginário e subjetividade, buscar através da observação e contemplação do movimento inscrito, a tentativa de romper a finitude e condição de sua estrutura.
Ocupação Laban em Fluxo – Espaço Imersivo
A mostra Laban em Fluxo – Espaço Imersivo reúne peças de diversos tamanhos em formas icosaédricas (o icosaedro é um poliedro de vinte faces que mais se assemelha com o círculo), que representam a figura fundamental de que Laban se inspirou para estudar a relação da geometria sagrada, das proporções áureas e da harmonia com o próprio corpo. As palavras em latim que intitulam a ocupação, inclusive, partem de um conceito pitagórico relacionado a essas formas e proporções.
Vesica Piscis, a bruto modo, é a intersecção formada a partir de dois círculos separados por proporções matematicamente calculadas. Seu símbolo origina o ícone cristão de um peixe desenhado a partir de duas linhas curvas. “Isso é o ponto de partida pra se projetar linhas que resultam nos sólidos regulares”, explica a idealizadora da exposição, Maria Mommensohn. “Laban, de quem estamos fundamentando o trabalho, pesquisa o tempo todo os sólidos platônicos em relação ao movimento”, completa a artista. Os sólidos platônicos podem ser definidos como poliedros em que todas as faces são congruentes.
Ainda pensando em espaço e movimento – objeto de estudo de Laban – a mostra sugere que o próprio visitante altere o espaço ao integrá-lo. “Os objetos podem ser movimentados, as imagens surgem e desaparecem o tempo inteiro, portanto sombras são formadas, e as pessoas às vezes recebem projeções no próprio corpo”, explica Maria.
Exposição Maria Duschenes
Além do espaço dedicado a Laban, no espaço Maria Duschenes haverá projeção de vídeos e fotografias que contam a trajetória de Maria Duschenes, professora de Maria Mommensohn no final da década de 1960 até meados de 1970. “Não havia uma instituição sobre Laban. Estudei com a Duschenes na casa dela, que ficava no Sumaré, no alto da Dr. Arnaldo, perto da igreja N. S. de Fátima”, recorda-se Mommensohn.
Maria Duschenes foi uma artista húngara que estudou com Laban na Inglaterra após ele ter sido execrado da Alemanha na época anterior a Segunda Grande Guerra. “Ele era diretor de teatro durante o regime nazista, montava muitos óperas e trabalhos de dança. Na tentativa de apresentar uma dança coral ao público na abertura das olimpíadas de Berlim, Goebbels (Ministro da Propaganda do Reich na Alemanha nazista) assistiu o ensaio geral e cancelou a apresentação, o que em seguida culminou numa perseguição a Laban”, conta Mommensohn.
Laban foi um dos pilares do expressionismo alemão na dança, integrando a classe de artistas que originaram o pensamento modernista. No período, havia uma busca constante em se identificar os fatores que estruturam o pensamento. Eram constantes questionamentos sobre regras que determinam o funcionamento da sociedade, da arte etc. Na pesquisa de Laban, esse mesmo tipo de pensamento estava voltando ao movimento.
Seus estudos originaram as chamadas danças corais, onde um grande número de intérpretes dançava regido pelas regras estruturadas pelos códigos do Labanotation. Laban desenvolveu seu sistema de análise na Inglaterra, onde existe até hoje a maior instituição que preserva sua técnica de análise de movimentos. Há outros polos fortes no mundo sediados na Alemanha e nos Estados Unidos. No Brasil, uma das instituições mais fortes na área é o Centro LABAN-RJ, dirigida por Regina Miranda.
Faz parte da exposição também uma vivência sonora com tigelas de cristal, instrumento feito com quartzo cujo som emite poderosas vibrações que afetam o corpo, mente e emoções, trazendo mais paz interior, equilíbrio e harmonia. A atividade foi escolhida como integrante da ocupação devido ao uso dos cristais, elementos estudados por Laban pela sua constituição harmoniosa e relacionada à proporção áurea.
A vivência será realizada pela Som de Cristal, composta por Rita e Luiz Pontes com participação de convidados. O casal trabalha com tigelas de cristal desde 2008, fazendo vivências, cerimônias, oficinas, meditações coletivas, entre outras atividades. No dia 28 de maio, sábado, às 15h, a apresentação terá diversas tigelas sendo tocadas ao mesmo tempo, criando um arco-íris de frequências altamente relaxantes e prazerosas.
CEBOLA
Esta peça para um duo de intérpretes, um casal, e é uma experiência pela busca da natureza humana através do gesto. Intérprete/gesto, centro de um local genuíno, núcleo do movimento e da tentativa de entender a sua dança e os diversos meios artísticos que buscam e perfuram uma massa de estrutura estética conceitual e emocional.
Um sistema de formas se cola, construindo uma cadeia espiral de frases, palavras/gestos que fomentam uma mecânica subterrânea do corpo. Esse sentido da narrativa parte da arqueologia do gesto numa geometria memorial e, só através dele, o mundo externo se revela.
Tornando um corpo/poema infinito, numa sensação de infinitos lugares do imaginário e subjetividade, buscar através da observação e contemplação do movimento inscrito, a tentativa de romper a finitude e condição de sua estrutura.
FICHA TÉCNICA
Coreografia e Direção Artística: Márcia Milhazes.
Intérprete: Ana Amélia Vianna e Domeníco Salvatore, da Márcia Milhazes Companhia de Dança.
Desenho de Luz: Glauce Milhazes.
Trilha Sonora /Colagem: Márcia Milhazes.
Montagem Sonora: Edson Lopes.
Figurino/Concepção: Márcia Milhazes.
Costureira: Eunice
SERVIÇO
Cebola
Márcia Milhazes Companhia de Dança
De 08 a 10 de julho de 2016
Sexta a domingo, das 13h às 17h
Local: MAC USP Ibirapuera
Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301 – São Paulo/SP
Ingresso: Grátis
Informações: (11) 2648.0254
*Todos os sábados de espetáculo haverá um bate-papo com os artistas
Ocupação Vesica Piscis
De 28 de maio a 10 de julho
Local: MAC USP Ibirapuera.
Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301 – São Paulo/SP
Horário de Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 18h.