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Clébio Oliveira apresenta trabalho autoral pela primeira vez em São Paulo

Radicado na Alemanha há mais de 10 anos, o bailarino e coreógrafo Clébio Oliveira chega aos palcos de São Paulo pela primeira vez para apresentar um trabalho autoral: Foreign Body – criado em 2017 para o Performing Arts Festival Berlinque – trata dos desafios da identidade de gênero. Ele sobe ao palco do Sesc Pompeia, de 27 a 30 de junho e traz pra a cena a dificuldade que temos em nos desviar de papeis atribuídos socialmente e como essas questões são internalizadas sem questionamentos.

Em cena, com música de Matresanch e um design de luz de Mirella Brandi e Asier Solano, Clébio cria seu próprio espaço semi-utópico no qual a categoria de gênero é descoberta por si mesma: outras possibilidades que permitem revelações além da estrutura binária de gênero são exploradas e testadas no palco. A partir dessa premissa questiona-se o que acontece quando o gênero biológico e o gênero social não coincidem ou quando a identidade se desvia da norma. Como o indivíduo pode encontrar seu próprio papel?

Com carreira internacional, bailarino e coreógrafo sobe ao palco do Sesc Pompéia entre dias 27 e 30 de junho para discutir identidade de gênero.

“No meu trabalho, me identifico com ideias que descrevo como ‘tópicos invisíveis’, já explorei a questão do analfabetismo e, mais recentemente, uma reflexão a respeito da dependência emocional, por exemplo”, revela o coreógrafo. “O tema da transexualidade me interessa particularmente, pois a pessoa tem apenas alguns cursos de ação disponíveis: ou ele suprime seus sentimentos completamente e nega o desejo de uma identidade de gênero diferente ou enfrenta seus sentimentos. Desse modo, seus estados interiores acabarão tornando-se inevitáveis, sejam eles refletidos ou visíveis, exteriorizados no corpo”, completa.

Segundo o coreógrafo Foreign Body não tem a intenção de contar ao espectador uma história específica: não se trata de falar sobre uma mudança de gênero, por exemplo, mas sim sobre os estados interiores. “Interessa-me a luta que se desenrola no inconsciente da pessoa trans, a ruptura entre as exigências do exterior e do interior, o que faz com que sinta que não está na pele certa”, revela.

Neste trabalho solo, não existe apenas um diálogo com a literatura científica relevante, mas revela um olhar para representações mais antigas que estereotipam negativamente a transexualidade, a fim de compreender os preconceitos que as pessoas enfrentam, e também obter um olhar mais pessoal sobre o tema. O espectador deve mergulhar com o artista em um mundo interior no qual as realidades sociais básicas são negociadas.

No Brasil

Como coreógrafo Clébio já criou peças para a Companhia de Dança Hubbard Street II, São Paulo Cia. de Dança, MAM-Museu de Arte Moderna de São Paulo, Balé da Cidade de Niterói, De Anima Ballet Contemporâneo e Carlota Portella Companhia de Dança, Grips Theater Berlin, Staatsschauspiel Stuttgart, Ballet Theatre da Cidade de Kiel, Grupo de Dança Contemporânea da Escola Bolshoi do Brasil, Gira Dança, Anízia Marques Dança, Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão, em Natal, entre outras. E nesta temporada brasileira remonta uma de suas mais aclamadas obras “Céu Cinzento” (2015) para o Grupo Divinadança, dirigido pela coreógrafa e bailarina Andrea Pivatto.

A obra criada para o Ateliê de Coreógrafos Brasileiros da São Paulo Companhia de Dança aborda o eterno tema dos amores impossíveis presente no imaginário coletivo e representado em obras como Romeu e Julieta, de William Shakespeare. A coreografia se inspira nessa história e questiona: qual seria o rumo da tragédia se os amantes ficassem cegos em vez de morrerem? “Na obra, o final trágico dos amantes dá lugar a essa nova versão e, dentro dessa perspectiva, o casal se perde numa espécie de labirinto e tenta de forma desesperada se encontrar. A peça traz à tona a necessidade do movimento como forma integradora dos sentidos”, fala o coreógrafo.

Sobre Clébio Oliveira

Bailarino, coreógrafo e professor de dança contemporânea, Clébio Oliveira nasceu em Natal e começou seus estudos em dança nesta cidade com as danças folclóricas. Morou no Rio de Janeiro entre 1998 e 2007, onde formou-se em dança pela UniverCidade. Em 1999 foi indicado ao prêmio de Melhor Dançarino, concedido pela Fundação Rio Arte e em 2001 foi selecionado pelo Itaú Cultural para o projeto “Mapeando Dança”. No ano seguinte foi convidado para se apresentar como convidado solo na Global Dance Internationale Tanzmesse NRW, em Düsseldorf, na Alemanha, país onde mora desde 2008.

Entre seus prêmios como coreógrafo figura o de revelação, em 2012, reconhecido pela revista TANZ – a mais importante revista de dança da Europa. Em maio de 2011, venceu o American National Choreographic Competition da Hubbard Street Dance Company Chicago, no Estados Unidos. Também foi convidado para dar aulas como professor visitante na Universidade de Iowa City. Em 2009, coreografou para o Ballet Theatre da cidade de Kiel (Alemanha) o trabalho Algo está acabando, algo está começando, peça que foi citada pelos críticos “Como a mais inovadora e interessante; o único trabalho que apresentou uma linguagem corporal particular”. (Lena Zieker / Tanznetz).

Em 2008, foi convidado para o festival de “Musik in der Stadt der Häuser” em Colônia, Alemanha, onde desenvolveu a obra Dona José. Em 2010, essa criação foi eleita como uma das melhores performances do Rio de Janeiro pelo jornal O Globo. Em 2006 recebeu o prêmio de Melhor Coreógrafo, concedido pelo Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro. Oliveira ganhou mais de 18 prêmios como melhor coreógrafo em diferentes festivais no Brasil e no mundo.

Como bailarino trabalhou na Cia de Dança Deborah Colker, na Carlota Portella Companhia de Dança, na Atores e Dançarinos da Regina Miranda, todas no Rio de Janeiro. Em Berlim, dançou com Toula Limnaios. Em Natal, trabalhou na Companhia de Dança Corpo Vivo e na Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão.

Crédito da foto: Oliver Betke

Serviço

Foreign Body
Clébio Oliveira
De 27 a 30 de junho de 2019
Quinta a sábado, às 21h30, domingo, às 18h30
Local: Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo – SP
Ingresso: entre R$ 6 e R$ 20.
Informações: (11) 3871-7700
Duração: 50 minutos

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