Ícone do site Agenda de Dança

Cia. Artesãos do Corpo comemora 20 anos e estreia nova criação inspirada em animê e futuro distópicos

e a garça canta com tristeza é a recente criação da Cia Artesãos do Corpo | Dança-Teatro inspirada nos Mangás de Shirow Masamune (Ghost in the Shell) e nos animês de Oshii Mamoru (Ghost in the Shell e Innocence) bem como na literatura e filmografia que circunda o universo das scifi, onde o futuro é retratado como distópico.

A Cia. indaga se o que vivemos hoje é o futuro que deveria ser amanhã. Colocaremos em dúvida o que é real, o quanto de humano ainda resta em nós, do nosso tempo conectados a uma máquina que abriga um sistema “inteligente”.

A música criada por Kenji Kawai, para o animê Innocence, acompanhou o processo de criação e os acontecimentos que assolavam (e assolam) o país durante o processo de construção desse trabalho: “Mesmo que a lua não se ilumine todos os dias, todas as noites, a garça canta com tristeza… O mundo em que vivo, minha existência é desalentadora, mas o sonho não morre, floresce com o rancor!” E a garça continua cantando com tristeza…

O clássico filme de Ridley Scott, “Blad Runner”, tinha como data futura o ano 2019. Na tela de abertura uma profecia: Replicantes foram declarados ilegais na Terra e a polícia especial – Blade Runner Units – tinham ordens para atirar para matar… isso não era chamado de execução. Era chamado de aposentadoria.

A riqueza de referências e desdobramentos que a obra de Oshii nos apresenta jamais caberia numa única peça. Fiquemos pois com as impressões que mais nos tocaram, afinal, como diz o escritor Haruki Murakami: escrever romances é perseguir possibilidades. O mesmo eu diria sobre compor criações para dança-teatro.

A Cia. Artesãos do Corpo dá continuidade a sua pesquisa sobre a busca e a perda de um lugar e sobre a espacialidade MA [elemento cultural presente na cultura japonesa – intervalo espaço –tempo] e em sua nova criação se debruça sobre os animês “Ghost in the Shel” e “Inocence” do diretor Mamoru Oshii e no universo da ficção cientifica, questionando o binarismo – humano-maquina / vida-morte / realidade-ficção – e refletindo sobre a suspensão do futuro e a extinção de horizontes possíveis em uma sociedade regida pelo controle, pelo poder econômico, pelo medo e pela lógica 24/7.

Proposta conceitual de encenação coreográfica

As cenas buscam um retorno ao corpo sensível como um contraponto ao programado, serial e previsível e expandimos o conceito de redes para a dança/movimento levando ao palco possibilidade visíveis e invisíveis de conexão entre os intérpretes.

O QUE NOS TORNA HUMANOS? Ao responder essa pergunta resgatamos memórias, movimentos ancestrais, sensações e reflexões que permitem experimentarmos hibridas formas de existência cênica, estabelecendo uma ressonância entre corpo e objetos inanimados.

Cenas

1- a rede é vasta e infinita – todo o elenco ( Ningyo – Élder)
2- tamashii (Dawn)
3- hesitar (Fany e elenco)
4- cópia nº 1 (Ederson e Rodrigo)
5- innocence (Maira)
6- memória corrompida (Élder e Dawn)
7- cópia nº 2 (Leandro)
8- colocando em risco (Ederson, Dawn e Rodrigo)
9- kire (elenco)
10- koroshi | o mundo do trabalho 24/7 (Élder)
11- replicantes (Ederson e Maira)
12- hakers (Gisele)
13- entrevista (Ederson, Rodrigo)
14- seres híbridos (Élder)
15- memória holográfica (Ederson e Mirtes)
16- memórias implantadas (elenco)
17- espelho (Maira e Mirtes)
18- Casa do Kin (Leandro, Dawn, Fany, Maira, Élder, Ederson, Hiro)
19- a garça canta com tristeza (elenco)

Ficha Técnica

Direção: Mirtes Calheiros
Intérpretes-Criadores: Dawn Fleming, Ederson Lopes, Élder Sereni, Fany Froberville, Gisele Ross, Hiro Okita, Leandro Antônio, Maira Yuri, Mirtes Calheiros e Rodrigo Caffer
Pesquisa Musical: Marcelo Catelan
Design de luz: Carlos Gaúcho
Figurino: Miko Hashimoto e acervo Artesãos do Corpo
Artista Gráfico: Bruno Pucci
Registro em vídeo: Irmãos Guerra
Registro em Fotos: Fábio Pazzini
Arte em Ferro e Madeira: Fany Froberville
Arte em Madeira – Suspensa: Ederson Lopes e Mirtes Calheiros
Arte em Madeira e Objetos Cenográficos: Marcelo Catelan
Arte em Papel/Origami: Alzira Cathony
Pipa: Hiro Okita
Arte em plástico e gelo: Dawn Flemming e Leandro Antonio
Produção e administração: Ederson Lopes
Agradecimentos: Diogo Soares, Michiko Okano, Miko Hashimoto e Toshi Tanaka.

Cia. Artesãos do Corpo

Criada em 1999, pela socióloga e bailarina Mirtes Calheiros a Cia. Artesãos do Corpo é formada por bailarinos, performers, atores e pesquisadores de artes cênicas, com o objetivo de elaborar espetáculos e intervenções que provoquem a sensibilidade e a consciência do espectador para temas de interesse no mundo contemporâneo.

Utilizando o palco e locais não convencionais como espaços de atuação a companhia desenvolve uma pesquisa focada na diluição das fronteiras entre dança-teatro-performance e na investigação urbano coreográfica dos processos de influência, alteração e diálogo entre o corpo e a cidade.

Tendo com premissa a diversidade e a pluralidade na formação de seu elenco a companhia leva ao palco a cada novo trabalho um mosaico de referências estéticas e de percepções corporais distintas, criando inúmeras possibilidades coreográficas a cada tema proposto.

Atualmente a companhia dedica-se a pesquisa de estados físicos e meditativos que estimulem o intérprete à criação cênico-coreográfica a partir de situações de presença e sua posterior ressignificação para a cena. Para essa pesquisa temos como suporte diferentes abordagens de treinamento e percepção corporais orientais (aikido, yoga, tai chi, chi kung, sei-tai-ho), esse treinamento tem como objetivo afinar o corpo preparando-o para a criação. Essa nova etapa vem sendo construída em uma perspectiva do caminho, buscando entender o corpo em constante processo de construção e desconstrução. A partir desse olhar buscamos não só diluir as fronteiras entre linguagens, mas também entre arte e vida cotidiana.

As criações da Cia. Artesãos do Corpo já foram apresentadas em 3 continentes e em 8 países (Argentina, Alemanha, Bélgica, Chile, Costa Rica, França, Itália e Portugal).

A companhia desenvolve anualmente desde 2006 o Festival Internacional de Dança em paisagens urbanas Visões Urbanas com o objetivo de criar mecanismos criativos de intervenção da dança no cotidiano da cidade, esse festival integra a rede CQD – Cidades que Dançam (www.cqd.info).

Crédito da foto: Fábio Pazzini

Serviço

e a garça canta com tristeza
Cia. Artesãos do Corpo
Dia 26 de abril de 2019
Sexta, 21h
Local: Sesc Santo Amaro
Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro, São Paulo – SP
Ingressos: R$ 17,00 (Inteira), R$ 8,50 (meia) e R$ 5,00 (Credencial plena)

Sair da versão mobile