O Balé Teatro Guaíra (BTG) apresenta o espetáculo O Lago dos Cisnes, com direção e coreografia de Luiz Fernando Bongiovanni, nos dias 10 e 11 de novembro no Teatro Alfa. No palco, o público assistirá a performance de 23 bailarinos inspirada no folclore russo e germânico. A montagem conta, com linguagem contemporânea, a história de amor entre o príncipe Siegfried e Odette, transformada em cisne por um bruxo. O Lago dos Cisnes tem direção de arte de William Pereira.
A história arquetípica de O Lago dos Cisnes, baseada originalmente em duas lendas medievais, fala do príncipe Siegfried, em uma terra distante, às vésperas das festividades de seu aniversário. Essa celebração marcará a passagem da juventude à vida adulta e, para isso, ele precisará escolher sua futura esposa. Todavia, tudo se altera quando o príncipe descobre seu grande amor por uma princesa aprisionada, na forma de um cisne, pelo feitiço de um mago tirano. O Lago dos Cisnes do Balé Guaíra é uma fábula a respeito da emancipação, um desejo manifesto em forma de dança, para que cada sujeito faça valer seu direito às próprias escolhas e para que elas sejam percebidas como necessidades fundamentais, e respeitadas a todo custo.
Em 1h30 de duração, a montagem – que estreou em junho deste ano no Guairão, em Curitiba – traz uma linguagem moderna para a coreografia clássica. De acordo com o coreógrafo Luiz Fernando Bongiovanni, há momentos de aproximação e afastamento da tradição. “Às vezes a tradição é pouco conectável com o mundo contemporâneo. Há uma série de pontos que criamos para nos aproximar do público, como o senso de humor e a interpretação dos bailarinos.”
Processo de criação inovador
O diretor, que foi bailarino e dançou O Lago, revisitou o folclore e fez uma pesquisa iconográfica. “Esse é um dos balés mais icônicos da história da dança. Ele evoca arquétipos que são conhecidos do público e as pessoas conseguem se ver na história”.
O processo de criação da coreografia também foi inovador, partindo de uma metodologia criada pelo diretor durante um mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De forma colaborativa, os bailarinos se tornaram criadores e segundo a “caligrafia” individual deles o elenco foi definido. Além disso, a partitura musical da obra de Tchaikovsky foi o guia para a montagem. “Fiz uma curadoria da obra toda e partir disso fizemos o encadeamento das cenas. Estamos conectados e articulados com a música”, diz.
“Nosso Lago tem protagonistas mais próximos do mundo contemporâneo, e mesmo que totalmente fantásticos, são – pelas frestas – mais críveis e verossímeis. De uma Rainha-mãe superprotetora e um Rothbart-vilão infantil e carente, até uma Odette-Odile sedutora e apaixonante e um Siegfried-herói por quem torcemos para que encontre forças e coloque em curso sua necessária revolução”, afirma o coreógrafo. Para Bongiovanni, “trabalhar um tema clássico pode ser a possibilidade de reinvenção, gênese de significados, de atualização dos mitos, a oportunidade de trazer para o momento presente questões atemporais, do indivíduo e do coletivo. As lendas que inspiraram essa história são cheias de reviravoltas e enigmas. Há aqui uma simbologia sobre o amadurecimento, a busca pela autonomia e formação da personalidade. Inicialmente Sigfried é dominado pela mãe, mas encontra no amor forças para seguir seu próprio caminho”, afirma Bongiovanni.
Clássico fecha trilogia
Os ensaios para a apresentação começaram em fevereiro de 2018 e mais de 200 profissionais participam da montagem do espetáculo. Para Mônica Rischbieter, diretora-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, O Lago dos Cisnes fecha uma trilogia, que se iniciou com Romeu e Julieta e Carmen. “A revisitação dos clássicos com uma linguagem moderna foi parte de um esforço conjunto para atrair o público mais jovem. Arrisco dizer que é o trabalho mais impressionante que já fizemos”, diz. Para o Balé Teatro Guaíra, a versão de O Lago dos Cisnes traz um valor inestimável. “Estamos falando de um grande clássico, o mais popular de todos os tempos, porém, recriado sob um ponto de vista atual. Trata-se de um encontro de dois importantes fatos que reafirmam o propósito desta companhia: tradição e contemporaneidade. É nisto que acredito e hoje me sinto feliz de poder juntamente com artistas e público apreciar a releitura contemporânea deste grande clássico”, completa Cintia Napoli, diretora do Balé Teatro Guaíra.
Segundo Cíntia Napoli, “os grandes clássicos têm uma potência muito grande porque tratam da existência humana. Trazendo-os para o nosso tempo, a gente consegue perceber o ser humano desde os seus primórdios. Vemos que ainda trazemos os mesmos conflitos e prazeres”.
Sinopse
Durante as festividades de aniversário do jovem príncipe Siegfried, a escolha de sua futura esposa se desenrola, coordenada pela rainha-mãe. Em um lago, situado no interior de um bosque, próximo ao Castelo, vive a bela princesa Odette e seu séquito, todos transformados em cisnes pelo feitiço do mago Rothbart. Somente a noite as vítimas de tal feitiço conseguem recuperar suas aparências humanas e só será totalmente quebrado por um amor verdadeiro.
Após as comemorações no Castelo, o príncipe parte em busca de diversão e é surpreendido por um bando de cisnes que deslizam sobre o lago. Porém, entre todos, Siegfried fica mesmo paralisado quando defronta-se com a princesa. A partir deste momento o príncipe se apaixona perdidamente, jurando amor eterno à Odette. Entretanto, a promessa de amor feita à Odette é quebrada quando Siegfried a confunde com Odile, o cisne negro, que na verdade nada mais é do que a filha do mago Rothbart. No desdobramento dessa trama, Siegfried encontra seu trágico destino.
Sobre Luiz Fernando Bongiovanni
Paulista, 47 anos, 30 de carreira, dançou 10 anos na Europa com as mais famosas companhias (Cullberg Ballet e Ballet da Ópera de Gotemburgo, ambos na Suécia; Scapino Ballet, em Roterdã, na Holanda, e no Ballet da Ópera de Zurique, na Suíça, e antes disso, no Brasil, no Balé da Cidade de São Paulo) e coreógrafos do mundo (Mats Ek, William Forsythe, Jiri Kylian, Ohad Naharin, Nacho Duato, Oscar Araiz, Luis Arrieta, Jacopo Godani, Didi Weldman, entre outros). Morou na Suíça, Holanda e Suécia.
Formado em Filosofia pela USP, com Mestrado em Artes da Cena pela Unicamp. É diretor e coreógrafo do Núcleo de Pesquisas Mercearia de Ideias, grupo dedicado à investigação em dança e artes cênicas, sediado na cidade de São Paulo.
Desde que retornou ao Brasil, em 2004, trabalha na coordenação de projetos culturais, na execução de oficinas de improvisação e composição e como coreógrafo em companhias como Balé da Cidade de São Paulo, São Paulo Companhia de Dança, Balé Municipal do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Balé Teatro Guaíra, Balé Teatro Castro Alves, Balé da Cidade de Niterói e Corpo de Baile Jovem do Teatro Municipal. Tem também realizado trabalhos fora do país, no Balé Nacional Chileno, em Santiago e o Ballet Hagen e Ballet imRevier, na Alemanha.
Ficha Técnica
Direção do Balé Teatro Guaíra: Cintia Napoli.
Concepção, Coreografia e Direção: Luiz Fernando Bongiovanni.
Direção de Cena: Edson Bueno.
Música: Tchaikovsky.
Iluminação: Victor Sabbag.
Direção de Arte, Figurino e Cenografia: William Pereira.
Direção de Palco e Assistente de Cenografia: Douglas Rangel.
Assistente de Figurino: José Rosa e Áldice Lopes.
Aderecista: José Rosa.
Assistente de Coreografia e Ensaiadores: Soraya Felicio e Airton Rodrigues.
Direção de Produção: Lia Comandulli
Assistente de Produção: Rosângela Corbani.
Crédito da foto: Cayo Vieira
Serviço
O Lago dos Cisnes
Balé Teatro Guaíra
Dias 10 e 11 de novembro de 2018
Sábado, às 20h, domingo, às 18h
Local: Teatro Alfa
Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, São Paulo – SP
Ingressos: R$ 80,00 e R$ 40,00 (meia)
Informações: (11) 5693-4000
Duração: 1h30.
Classificação: Livre