A relação do corpo com a tecnologia vem permeando as investigações da performer e bailarina pernambucana Flavia Pinheiro, que apresentará, pela primeira vez no Rio, três performances de seu repertório. Diafragma: dispositivo versão beta e Diafragma: como manter-se vivo? serão apresentadas de 14 a 17 de setembro, no Teatro Angel Vianna, onde a artista também ministrará a oficina Dança Invisível para Corpos Futuros (16). Contato Sonoro terá duas apresentações em praças públicas no Centro do Rio, na Praça Alagoas e na Praça Mauá, respectivamente nos dias 16 e 17, às 11h.
Diafragma: dispositivo versão beta é uma performance manifesto construída a partir de dispositivos low tech e tecnologias obsoletas. A artista pesquisa o diafragma como parte de um dispositivo motor utilizando alguns princípios de filósofos como Gerald Raunig, Michel de Certeau, Vilem Flusser e Gilles Deleuze. “Como um eixo que organiza uma grande máquina que atua no tempo de forma nômade buscando (des)territorializar-se”, define a performer, que interage com diferentes objetos criados e reutilizados pelo argentino Leandro Olivan. “Uso o diafragma como uma metáfora para referir-se aos mecanismos coletivos de inibição. Trabalhamos com o ruído ininterrompido de máquinas como interface do silêncio. Desde o corpo, é o diafragma que impulsiona, a respiração em si mesma é a própria vida”, conclui.
Já em Diafragma: como manter-se vivo?, a artista investiga a urgência de permanecer em movimento como um procedimento de sobrevivência. “Um questionamento de como nos relacionamos com a imaterialidade das relações propostas pelos dispositivos e a certeza da nossa impermanência”, explica Flavia. “Como continuar em movimento? Como resistir ao desequilíbrio e a instabilidade da existência? Como persistir no tempo?”, questiona.
Ao lado do argentino Leandro Olivan, Flavia levará a performance Contato Sonoro para as ruas do Rio. Na intervenção urbana, ela aborda as pessoas com dispositivos que produzem ruídos ao contato com o corpo humano. A partir de uma caixa, saem dois cabos: um em contato com o pescoço e o outro isolado eletricamente na mão. O som que sai do alto falante, altera sua frequência de acordo com o tipo de toque e com o corpo envolvido na ação. A experiência será realizada em duas praças no Centro do Rio: Praça Alagoas (16/09) e na Praça Mauá (17/09), ambas às 11h.
Diversas inquietações deram origem a este trabalho. “Como a gente continua fazendo dança dentro da conjuntura atual?”, questiona. “Sem políticas públicas que apoiem a cultura, como a gente sobrevive e continua a se mover?” A performer distribui fanzines que explicam como o dispositivo pode ser feito em casa. O circuito usa um temporizador 555 que articula uma operação estável, responsável pela criação dos impulsos elétricos, e dois transistores que são responsáveis pela ampliação do sinal. O drawdio é um sintetizador musical simples e interessante que usa as propriedades condutoras dos órgãos. O resultado é a criação de ruído em qualquer superfície, permitindo que seja possível usar a condutividade dos corpos humanos.
O Projeto Circulação Nacional Flávia Pinheiro foi contemplado pelo FunCultura de Pernambuco (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura) e passou por Teresina, São Paulo, Belo Horizonte e chega ao Rio em setembro, com apoio do Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro.
Sobre a Artista
Flavia Pinheiro, artista de Recife, pesquisa o corpo em movimento em relação a diferentes dispositivos. Trabalha em performances, vídeos, instalações, intervenções urbanas e em colaboração com artistas de diferentes linguagens. Desenvolve experimentos que envolvem a arte e a tecnologia. Pratica e explora diferentes maneiras de se movimentar: dança contemporânea, ioga, artes marciais; incluindo improvisação e técnica Release. Fez mestrado em História da Arte da UNSAM – Universidad de San Martin, é pós-graduada em Arte Visuais-Linguagens Artísticos Combinados no IUNA e graduada em Artes Cênicas na UFPE.
Ficha Técnica
Criação e performance: Flávia Pinheiro
Construção do dispositivo: Leandro Olivan
Programação, software, som, imagens e ruídos: Leandro Oliván
Fotografia: Francisco Baccaro
Fotografia espetáculos: Danilo Galvão e Martin Raabe
Design gráfico: Guilherme Luigi
Máscara: Alê Carvalho
Assistente de produção: Diogo Todë
Produção geral: Maria da Santana e Flavia Pinheiro
Produção local: Corpo Rastreado
Serviço
Teatro Angel Vianna
Temporada: De 14 a 17 de setembro de 2017.
Local: Centro Coreográfico do Rio de Janeiro (Rua José Higino 115, Tijuca)
Informações: (21) 3238-0357
Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia)
Diafragma: Dispositivo Versão Beta
Dias 14 e 15/09. Quinta e sexta, às 20h.
Duração: 50min
Classificação etária: 16 anos
Diafragma: como manter-se vivo?
Dias 16 e 17/09. Sábado, às 20h. Domingo, às 18h.
Duração: 50min
Classificação etária: 16 anos
Oficina Dança Invisível para Corpos Futuros
Dia 16/09. De 10h30 às 12h30.
Entrada franca.
Inscrições e informações: (21) 3238-0357
Intervenções Urbanas
Contato Sonoro
Dia 16/09. Sábado, às 11h. Praça Alagoas, s/n– Centro.
Dia 17/09. Domingo, à 11h. Praça Mauá, s/n – Centro.
Duração: 50min