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Apresentação única de espetáculo Dutos (In)visíveis, da Descompanhia (Biu)tifol, terá sessão online dia 20 de dezembro

Crédito da foto: Carol Françoso

A retificação dos rios da cidade de São Paulo, projetada para atender um processo intenso de urbanização, os interesses políticos em torno da água e seu uso político em nome do progresso e do crescimento foram lidos pela Descompanhia (Biu)tifol como uma metáfora sobre as vivências de pessoas LGBTQIA+. A pesquisa do grupo, que foi realizada durante a pandemia, resultou no espetáculo Dutos (In)visíveis, que terá apresentação online, ao vivo, no dia 20 de dezembro, domingo, 19h. O acesso será realizado pelo Facebook do Centro Cultural da Diversidade, espaço que está acolhendo a obra.

Pensado para os palcos e adaptado para as plataformas digitais, a cena será executada a partir da casa dos intérpretes. Victor Pessoa e Vartim, artista visual que irá desenhar ao público formas inspiradas na sinestesia da fluidez da água e seus obstáculos, acelerações e desacelerações. Para isso, o uso do carvão será incorporado ao universo da peça como instrumento para os desenhos, recuperando a propriedade de limpeza energética desse mineral e associando a existência LGBTQIA+ também como essa limpeza do ódio, violência, censura e silenciamento.

Idealizada como um coletivo que irá trabalhar com parceiros diversos a cada projeto, a Descompanhia (Biu)tifol conta ainda com participação de Carol Françoso (fotografia), Pedro Calderaro (maquiagem), e Alambradas (trilha sonora). Numa maioria LGBTQIA+ e também de pessoas vindas da Zona Noroeste de São Paulo, os artistas que compõem o trabalho são performers e pesquisadores que buscam o resultado da fricção de linguagens e a alteração estética das suas obras.

O trabalho, que explora as potencialidades da exibição online, parte da sonoridade da água para gerar um movimento coreográfico lento que migra, em seguida, para ritmos diversos, como o lo-fi, remix de músicas em funk, axé e músicas de artistas brasileiras como Joelma, Pabllo Vittar, Inês Brasil e outras figuras que se conectam a um universo mais alegre – aqui a proposta é contrapor a ideia de uma brasilidade festiva e cordial com a realidade violenta enfrentada pela população LGBTQIA+.

O título da obra faz uma referência a uma sensação de autocensura que muitas vezes é gerada pela própria comunidade a fim de evitar a violência ou o constrangimento em tempos de regimes totalitários como o que vivemos. Dutos (In)visíveis propõe, portanto, uma reflexão sobre como se praticar a fluidez ainda que exposto a uma situação que prende, sufoca e tenta coagular. “No tempo necessário, a água vai transbordar, vai levar tudo o que estiver ao seu alcance, sem poder ser contida”, diz Victor.

Os vídeos exibidos e a iluminação da peça também remetem ao vaporwave, uma estética associada à música eletrônica que foi apropriada por movimentos de extrema-direita para promover ideias supremacistas. Em Dutos (In)visíveis, a presença dos vídeos procura ressignificar esses símbolos, trazendo figuras importantes para a comunidade, como Linn da Quebrada, Jorge Lafond e Kaká di Polly, que são exibidos de forma a instituir um lugar de divindade, bem como na presença da drag queen Athena Biu, interpretada por Victor.

“O movimento da água, que mesmo submetida a uma certa condição, não perde sua fluidez e potência, se conecta muito com a fluidez necessária para se viver sendo uma pessoa LGBTQIA+”, reforça o artista.

Ficha técnica

Performers: Vartim e Victor Pessoa.
Direção: Victor Pessoa.
Artista Visual: Vartim
Fotografia: Carol Françoso
Maquiagem: Pedro Calderaro
Trilha Sonora: Alambradas
Colaboradores: Glaucia Marina, Timbu Fun, Brunno Sarttori, Fernando3D e Rizzi
Direção de Produção: Movicena Produções
Produção Administrativa: Victor Pessoa
Produção Executiva: Matheus Pessoa

Serviço

Dutos (In)visíveis
Descompanhia (Biu)tifol

Dia 20 de dezembro de 2020
Domingo, 19h
Plataforma: Facebook do Centro Cultural da Diversidade
Ingresso: Grátis
Capacidade indeterminada

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