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Análise Jussara Miller “Dançar em Casa do Sesc”

Analise Jussara Miller por Kelly Orianah

Dança como Ferramenta de Comunicação – Análise Jussara Miller “Dançar em Casa do Sesc”

Este artigo nasce após visualização do vídeo de Jussara Miller no projeto Dançar em Casa do Sesc. A gravação foi realizada no dia 21 de Julho de 2020 via instagram e youtube do Sesc sob direção de Cora Laszlo. Ao assistir as perfeitas qualidades de movimentos, a relação da casa e a estrutura dramatúrgica elaborada pela artista é impossível ignorar o olhar de espectador/público de dança. Aqui será analisado como acontece a criação de realidade do ser humano com conceitos da neurociência entrelaçada com a dança enquanto linguagem para as possíveis interpretações.

Durante uma pandemia onde o isolamento social é prioridade para a saúde publica um espetáculo de dança se torna praticamente inviável. Pessoas isoladas em suas casas, trabalhando home-office ou tendo que ir trabalhar todos os dias geram um novo olhar ao mundo. Estresse, ansiedade, depressão, tristeza unidos a uma rotina que dependem da coragem e expectativas em uma possível vacina. São milhares de mortes anunciadas diariamente nos veículos de comunicação misturadas ao negacionismo do governo. 

Cada indivíduo está vivenciando esse momento em uma situação específica e desenvolverá um olhar diferente. Se ele for exposto a uma vivência de olhar para si poderá ter uma ótica mais trágica ou mais tranquila de acordo com suas experiências diárias. O Exemplo escolhido aqui é um encontro de consciência interna por meio do projeto Mente Resiliente de meditações que aconteceu em Junho de 2020 guiada pela pesquisadora Ana Paula Mendes do Medita Brasil.  Na vivência Ana abordou o olhar amplo dos sentidos, cada indivíduo pode observar a mesma situação de acordo com sua experiência de vida de forma diferente. Alguns olharam para um aspecto positivo e outros para o negativo. Tudo é guiado a partir de um olhar subjetivo de cada participante sem orientação pré estabelecida da orientadora.

A explicação científica para esse comportamento é a de que o corpo recebe estímulos por meio dos sentidos.  Registros vão se formando por meio das lembranças e entram em um esquema automático que formam engramas neurais.  Quanto mais se repete uma determinada situação mais engramas são produzidos. Não controlamos os estímulos que recebemos, mas as ações/ interpretações que diminuam o impacto. 

A apresentação da Jussara Miller é repleta de movimentos com tônus combinados com o novo palco em meio ao isolamento: A casa. Falar em dança consciente é falar de Jussara e todo o seu legado aprendido/ inspirado na escola Klauss Vianna e que hoje é notório seu toque pessoal enquanto artista da dança. Sua tentativa é estar mais próximo ao público que está em isolamento social. Muito além da técnica é possível  esbarrar com o olhar subjetivo e interpretativo que a dança tem enquanto linguagem não verbal.

Na dança contemporânea para Katz e Gasparini em “A Comunicação entre dança e público: o papel do coreógrafo na construção da relação obra-espectador” todo espetáculo comunica algo e muitas vezes não tem uma mensagem clara. A comunicação criada reverbera além da cena por meio do entendimento do corpo e ambiente. Esse último aspecto auxilia a construção dos saberes do ser humano. A Experiência de vida de cada pessoa é capaz de desenvolver a interpretação das informações apresentadas. É possível observar a contínua comunicação artista/ público. Muitas vezes o proponente não tem objetivo estabelecer uma comunicação, nem se preocupar como a obra chega para quem está assistindo. Outra parcela de artista se preocupa com o entendimento por meio das análises de interpretações. Por vezes uma determinada comunicação está sendo feita, porém não é percebida.

Na pesquisa de Katz e Gasparini as obras tem muitas formas de serem interpretadas pelo publico de acordo com suas experiências de vida. Por mais que uma obra não dialoga explicitamente com o espectador ela de alguma forma o atravessa e cria alguns significados/ entendimentos. Aqui fica em questão, quais as possibilidades de interpretações da obra “proximidade um olhar para o avesso” de Jussara Miller? O que ela causa? Quais registros na memória ela traz à cena? 

Sobre a apresentação/Sinopse: Em “Proximidade, um olhar para o avesso”, Jussara Miller propõe adentrar em sua casa por outros caminhos e outras sensorialidades. Um toque íntimo no espaço habitual que se dilata com outros contornos, presentificando o avesso do instante com a dança do improviso e a dança das memórias.

 

FONTE:

SILVA, Ana Paula. “Mente Resiliente”. Julho/2020

 

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