Abordagens Somáticas nas Pedagogias de Dança
O que levou os pioneiros das abordagens somáticas a desenvolverem suas técnicas foi o desejo de cura. Insatisfeitos com a medicina tradicional eles passaram a investigar os movimentos dos seus corpos, suas próprias experiências. Levavam em consideração os princípios dos limites anatômicos combinados com a consciência corporal. Além disso, algumas perguntas norteadoras eram bem comuns entre os pesquisadores sendo “ Como se dá o movimento no corpo?”, “Quais as relações entre corpo e mente?”, “O que é a percepção e como ela opera?”, “ Quais as relações entre a percepção e o movimento no corpo?”, “Qual a importância das emoções nesse circuito?”.
No universo da dança pós 1950 havia uma saturação da forma e dos modelos de dança pré-estabelecidos pela dança clássica e até a moderna. Muitos dançarinos se viam enrijecidos e até mesmo machucados pela repetição sem conhecimento. As abordagens somáticas chegam para contribuir as ciências do cognitivo em cada indivíduo, levando em consideração sua subjetividade. Entende-se que cada pessoa interpreta o mundo diferente levando em consideração as suas experiências dos 5 sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato). Os conceitos que podem ser observados para pensar em pedagogias de ensino são orientadas pela noção de corpo em processo que aqui é apresentado em formato de tópicos.
Tópico 1: Aceitar as informações que o corpo traz, a propriocepção que podem ser estimulados por meio de comandos como uso de articulações, apoios entre outros. A partir dessas investigações é possível desenvolver trabalho de improvisação em dança, aqui o interesse é ver como o corpo se move.
Tópico 2: Experiências sensório-motora como caminho para desenvolvimento de uma consciência corporal incluindo todos os processos cognitivos. Esse corpo está em constante processo evolutivo com possibilidade de se auto-organizar. Esse entendimento contribui para os processos psicomotores observados desde os primeiros anos de vida até a fase adulta avançada de um indivíduo.
Tópico 3: A emergência, imprevisibilidade ligado com a capacidade de interação com o meio ambiente em tempo real. Ação e percepção acontecendo simultaneamente, a atenção está construída pela observação de processos que vem de periferias do corpo e que acessam o centro. Isso resulta em interações complexas e novos modos de organização, de maneira muito mais dinâmica do que comum.
Tópico 4: A Reeducação postural para prevenir lesões e melhorar o movimento na dança.
“As práticas de educação somática produziram inúmeros protocolos sobre alinhamento postural, os quais mereceriam estudos aprofundados acerca da dinâmica dos reflexos que mantêm a postura. Uma estratégia que é frequentemente usada para desestabilizar automatismos é propor tarefas sensório-motoras que desafiem os condicionamentos.” (AUTORA, 2010).
Tópico 5: Comportamento singular que está ligado ao modo como uma pessoa consegue organizar seu corpo seja por meio da memória autobiográfica ou por movimentos singulares. O que chamamos de personalidade do dançarino.
Tópico 6: Dança como produção de linguagem onde o corpo passa a apresentar estados corporais, ligados pelas emoções. Corpo que dialoga com o mundo.
Tópico 7: Estudo de esforço e estados tônicos um interesse maior pelas qualidades de tonicidade que o corpo pode usar e estratégias a serem desenvolvidas.
Cada indivíduo aprende de forma diferente, a memória é plástica e vai se modelando conforme é apresentada a novas informações o que a torna criativa. O corpo é um sistema dinâmico, vivo e em constante transformação. Estamos falando de um corpo que está em constante experimentação e que se comunica.