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A diretora e bailarina AnaVitória lança livro e novos projetos no Rio e em Portugal, onde reside atualmente

Morando em Lisboa, a bailarina, perfomer, artista visual, diretora e coreógrafa AnaVitória está no Rio para o lançamento do seu novo livro DANÇA – CRIAÇÃO AUTOBIOGRÁFICA E MEMÓRIA (editora 7 Letras), resultado de sua tese de Doutorado, no dia 23 de julho (sábado), às 18h, na Escola e Faculdade de Dança Angel Vianna, que fica na Rua Jornalista Orlando Dantas, no. 2, em Botafogo.

Seu livro é permeado por ricas reflexões, oriundas de sua prática vocacional em dança – seja no exercício de mestre em suas aulas na Faculdade Angel Vianna, seja a partir de suas produções performáticas decorrentes de suas instalações e pesquisas como coreógrafa e bailarina – que se apresentam nas gestualidades performáticas, como indagações relativas às minorias em suas lutas políticas.

Para Zeca Ligiéro (pesquisador, diretor teatral e professor da UNIRIO), responsável pelo prefácio da obra, o livro oferece uma possibilidade única de revisitar um caminho de busca da autora em uma ciranda com outros bailarinos e performers interessados na potencialidade de uma dança que procura revelar as contradições, lembranças, desafios, encantamentos, e totalmente comprometida com o seu tempo, que lhe reverbera no corpo. Ou como diria Leda Martins: “No corpo o tempo bailarina. E em seus movimentos funda o ser no tempo, inscrevendo-o como temporalidade”.

Segundo AnaVitória, a ideia é chamar a atenção para o campo editorial das artes e seus desdobramentos, bem como o diálogo das artes com a academia. “E é nessa estreita relação, sujeito e sociedade, que proponho colocarmos uma lente de aumento para uma investigação fina e minuciosa dos nossos movimentos”, afirma a artista.

A professora Dra. Hélia Borges (psicanalista e professora do Mestrado da FAV), que assina a orelha do livro; “só recusamos quando fazemos de outro modo, e sua tarefa desde tal perspectiva atende ao movimento necessário para a abertura ao fazer de outro modo: criar novas imagens, novos pensamentos, novas possibilidades de ação no mundo em que nos encontramos inseridos. Recusar entendido como exercício de metamorfose, por redespertar possíveis ao inventarmos novas formas de viver e agir no mundo”.

Recentemente, em Portugal, Ana lançou seu novo projeto, a instalação performática ENCRUZILHADA. Este trabalho foi apresentado pela primeira vez ao abrir o MOTUS – Festival Internacional de Performances Artísticas, no Teatro das Figuras, em Faro, e tem a DGARTES (Direção Geral das Artes) como principal apoiadora e o Teatro das Figuras como copatrocinador.

“Em Encruzilhada, as fotografias marcam um instante de eternidade de mulheres que se colocaram frente a uma câmera com a promessa de sobreviverem ao tempo e seu apagamento. Nos dão agora a chance de recompô-las, recriá-las e lhes restituir uma história, uma existência poética singular, mas não menos coletiva. Expressões agora partilhadas por outras mulheres de rostos e histórias também anônimas e corpos em constante desaparecimento”, resume a artista.

Quando voltar para Lisboa, a instalação estreará na Galeria de Arte – Espaço Cultural Mercês e ficará em cartaz de 23 a 30 de setembro. Onde irá lançar também o novo livro.

Além do lançamento do livro no Brasil, Ana alinha um projeto de Vídeo Instalação para a Bienal de Artes do Mercosul intitulado ‘DSÍ-embodyment’. E planeja a temporada de ENCRUZILHADA no Rio e em São Paulo.

A Performance

É a partir dos relatos coletados nos encontros das Residências Artísticas de norte a sul de Portugal que AnaVitória vai incorporando a gestualidade de ENCRUZILHADA. Neste percurso as memórias afetivas ativadas pelas oficinas de Conscientização do Corpo Sensível e manipulação de objetos-relicários afetivos, vai se recuperando os gestos herdados de cadeias matrilineares do passado e sendo reativados no presente.

A partir da seleção desses gestos AnaVitória segue construindo em seu corpo a cada novo encontro, a cartografia afetiva dessas histórias orais e seus legados que, repassados por gerações e gerações ainda sobrevivem nos corpos silenciados e em constante apagamento social das mulheres.

A ideia de embodyment ou incorporação assume o centro da arena, aonde passado e presente se unem em um ritual performativo a partir de arquétipos femininos, mitos e ritos e celebram vozes do presente.

A Instalação

Em um espaço expositivo peças escultórias construídas pela artista, com fotografias anônimas de rostos de mulheres em desaparecimento, objetos cirúrgicos usados em intervenções ginecológicas e tantos outros do uso doméstico feminino reconduzirão o olhar do espectador para este universo singular.

Todos os relicários afetivos de objetos memoriais foram recuperados pela artista em feiras, brechós e antiquários a partir das histórias sobre as cadeias matrilineares das mulheres que prestaram seus relatos para a construção desta obra e foram recobertos com gases cirúrgicas como um ato curativo.

Esses objetos reencontrados, como em uma arqueologia afetiva, carregam em si histórias, energias e marcas de suas existências bem como desafetos, que ao serem revestidos por gases cirúrgicas lhes doam agora um novo significado e um outro lugar no mundo.

AnaVitória artista Luso-Brasileira (1969)

Pós-doutora em Artes da Performance (FMH-UL-Portugal) e PhD. em Artes – Performances do Corpo pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO/Brasil). Coreógrafa premiada e diretora artística da Cia Ana Vitória Dança Contemporânea fundada em 1997, bailarina e artista visual tendo criado diversas Instalações e Vídeos de Dança com foco nas poéticas corporais, autoperformance e memórias autobiográficas. Coordenadora Adjunta do Mestrado Profissional e do Curso de Pós-Graduação em Preparação Corporal para as Artes Cênicas da Faculdade Angel Vianna – FAV/Brasil e Investigadora colaboradora pelo Inet-MD (FMH-UL -Portugal), Sens-Lab (Canadá) e NEPAA (Núcleo de estudos da Performance Afro-Ameríndia – Brasil). Há 22 anos AnaVitória vem desenvolvendo e aprofundando sua pesquisa artístico/pedagógica de criação a partir da memória e autobiografia, apoiada nos Estudos da Performance. Seu Sistema investigativo – (Re)Aprendizagens Afetivas – posiciona-se no entrelaçamento entre vida e arte e ação poético -performativa, este é o tema da sua Tese que será lançada em livro no ano de 2022. AnaVitória divide-se hoje entre Brasil e Portugal desenvolvendo projetos em intercâmbio com instituições acadêmicas, culturais e terapêuticas.

http://anavitoria.com.br/

Serviço

Dança: criação autobiográfica e memória
Ana Vitória
288 páginas
Selo 7Letras
Formato: 15,5x23cm
Preço de capa: R$69,00
Lançamento: 23 de julho (sábado), às 18h
Local: Faculdade Angel Vianna
Rua Jornalista Orlando Dantas, no. 2 – Botafogo, Rio de Janeiro – RJ
https://7letras.com.br/livro/danca/

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