O Legado Reda para a Dança do Ventre
Com as reformas instaladas no Egito, pós colonizações britânicas e francesas, começou a surgir as danças egípcias denominadas folclóricas, divulgadas pelo coreógrafo Mahmoud Reda. A maioria de suas composições apresentavam roteiros semelhantes aos dos balés clássico de repertório, influência de sua infância vivida na Inglaterra. Reda atende aos gostos da classe alta colonizadora. “Vira as costas” para suas próprias formas nativas desenvolvendo uma nova forma de dançar.
O conceito Folclorização advém do etnomusicólogo Thomas Turino onde há um processo de transferências de costumes nativos (música, dança e outras formas de arte) de seus conceitos originais para o contexto urbano com a ajuda do estado. Alguns elementos coreográficos criados e desenvolvidos por algumas companhias de danças que tem o processo de folclorização resulta em uma espécie de “tradição inventada”.
Reda utilizava de histórias fantasiosas, figurinos desenhado com característica urbana, grandes orquestras e movimentos satinizados. Ele teve suporte financeiro do ministério da cultura durante duas décadas. Foi proibida a prática de homens chamada “ dança solo improvisada”, Reda retira movimentos que possam ter conotação sexual e passa a coreografar grupos ao invés de solos.
Os homens antes eram conhecidos como khawal que também dançavam em eventos sociais, assim como as ghawazi e se ampliaram com o banimento das dançarinas com decreto de Mohammed Ali “Importante elemento em festas de casamento, circuncisões e celebrações em geral, a dança egípcia era mais do que entretenimento para estrangeiros; era parte da estrutura sociocultural egípcia.”. Os homens não imitavam as ghawazi e nem as substituíam. Eles podiam se casar e continuar com a vida de artista.
As composições coreográficas de Mahmoud Reda seguiam linhas narrativas, modelos de contos de fadas comuns nos balés românticos. Reda chega ao cinema disseminando ao máximo suas composições.
“Uma ilustre integrante da trupe de Mahmoud Reda foi Farida Fahmy que desfrutava do status correspondente ao de uma primeira bailarina das companhias de balé ocidentais, foi a principal responsável pela imagem da dança na filmografia egípcia das décadas de 1950 a 1970. Segundo Marjorie Franken, Fahmy reabilitou a imagem da dançarina que era ligada ao erotismo e usualmente desdenhada no Egito, conferindo um caráter heroico às chamadas danças folclóricas femininas.”
Alguns dos trabalhos que ficaram mais conhecidos foram de Saidi, Hagalla, Melayah leaf, entre outros. A contribuição do ballet foi a construção do Muwashahat que até os dias atuais faz parte do repertorio de diversas bailarinas orientais.
O legado Reda para a Dança do Ventre texto desenvolvido por Kelly Orianah
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
XAVIER. Cinthia. 5,6.7, ∞ … do oito ao infinito: por uma dança sem ventre, performática, híbrida, impertinente. Brasília/2006
SALGUEIRO, Roberta.Um longo arabesco”: corpo, subjetividade e transnacionalismo a partir da dança do ventre. Brasília/2012